Donald Trump completou seus primeiros 100 dias do segundo mandato como presidente dos Estados Unidos demonstrando um estilo de governança “por instinto”, marcado por decisões unilaterais e sem as restrições que caracterizaram seu primeiro mandato.
“Um segundo mandato é realmente mais poderoso”, declarou o presidente americano no início de abril, evidenciando uma mudança significativa em relação ao seu primeiro período (2017-2021), quando ainda havia contenções por parte de membros do gabinete e assessores militares.
* Trump, aos 78 anos, montou uma equipe que permite sua governança instintiva, cercando-se de assessores que não apenas facilitam, mas potencializam suas ações de poder.
* O Salão Oval foi remodelado para uma galeria dourada, onde o presidente assina decretos cercado por secretários que aprovam suas decisões e jornalistas ávidos por declarações.
* A estrutura de freios e contrapesos prevista pela Constituição americana mostra sinais de fragilidade, com Trump no centro de um sistema que orbita exclusivamente ao seu redor.
* O presidente tem confrontado abertamente magistrados que bloqueiam suas decisões, chegando a citar Napoleão: “Quem salva seu país não viola nenhuma lei”.
* Trump ordenou uma operação de deportação de imigrantes para El Salvador baseada em uma lei de 1798, gerando embates com juízes que tentaram suspender a ação.
* O Departamento de Justiça tem sido tratado como instrumento de “vingança” política contra opositores, incluindo processos contra ex-funcionários que contestaram as eleições de 2020.
A equipe de comunicação mantém as características da campanha, mesclando provocações, insultos e bajulação constante. As redes sociais oficiais do Executivo amplificam suas declarações, como quando o chamaram de “o presidente mais divertido de todos os tempos”.
Suas decisões têm impactado mercados globais e relações internacionais, desde questões aparentemente triviais, como um decreto sobre a pressão da água em chuveiros, até ambições geopolíticas maiores, como o desejo de anexar a Groenlândia ou tomar o controle do Canal do Panamá.
Barbara Trish, cientista política da Universidade de Grinnell, avalia que “desta vez, em comparação com seu primeiro mandato, o presidente se cercou completamente de assessores que não apenas facilitam, mas em alguns casos catalisam suas descaradas manobras de poder”.
O futuro do governo Trump permanece incerto, especialmente considerando as eleições presidenciais de 2028. O presidente já mencionou a possibilidade de ignorar o limite constitucional de dois mandatos, aumentando as preocupações sobre suas intenções políticas futuras.