Um grupo de voluntários que atuou durante as enchentes no Rio Grande do Sul em 2023 entrou com uma ação judicial contra a Taurus, fabricante brasileira de armas, e a União. Os voluntários alegam terem sido enganados ao serem chamados para resgatar supostas crianças no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, quando na verdade acabaram salvando uma carga de armamentos.
O processo, que tramita no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, solicita uma indenização de R$ 1,2 milhão por danos morais. Os voluntários afirmam que foram “enganados, coagidos e constrangidos” durante a operação de resgate, que resultou na retirada de 3 mil artefatos bélicos do aeroporto.
Pontos principais da ação judicial:
* Os voluntários alegam terem sido expostos a alto risco devido à falta de treinamento adequado e ausência de equipamentos de segurança para manusear o arsenal
* A carga resgatada incluía fuzis e metralhadoras, sendo transportada sem escolta adequada para evitar possíveis saques
* Segundo os advogados dos seis voluntários, a Taurus demonstrou “falta de lealdade, informação e assistência” durante todo o processo
* O grupo acusa a União de negligência, argumentando que agentes da Polícia Federal sabiam que eram civis despreparados para tal operação
A peça jurídica destaca: “Constrangidos pelos prepostos da Taurus S/A, foram expostos a essa circunstância delicadíssima, e, na prática, organizaram toda a logística envolvendo o transporte das armas para fora do aeroporto, enquanto os funcionários da empresa Taurus S/A e agentes da Polícia Federal apenas assistiam.”
A Advocacia-Geral da União (AGU) já se manifestou no processo, defendendo a “inexistência de responsabilidade civil da União no caso”. Segundo a AGU, qualquer responsabilização civil seria decorrente da conduta da empresa co-réu, proprietária do material bélico.
O processo solicita a intervenção do Ministério Público Federal (MPF) e pede uma indenização mínima de 150 salários mínimos para cada um dos seis voluntários envolvidos no resgate das armas.