Said Santana: ‘Como os salários do serviço público ampliam a desigualdade no Brasil’

Said Santana: ‘Como os salários do serviço público ampliam a desigualdade no Brasil’

Sinônimo de sucesso no Brasil não é gerar emprego, é passar em um concurso público

Sendo bem direto: o Brasil se esforça para dar errado. Ao que parece, as autoridades vivem num mundo a parte do que realmente é o Brasil. Não sei se é pelos elevados salários que as autoridades recebem, ou se, o Brasil tem de fato, um contrato assinado com o fracasso, pois, nossos governantes se esforçam para isso aqui dar errado.

O Brasil gasta 13,4% do PIB com o funcionalismo público, enquanto Colômbia (6,4%), Peru (6,6%), Chile (6,9%) e OCDE (9,9%). O problema não está somente no gasto, está em quem recebe esses 13,4% do PIB. No Brasil 5,6% da população brasileira trabalha para as três esferas de poder, ou seja apenas 5,6% da população brasileira que são os funcionários públicos ficam com 13,4% do PIB nacional. Em países desenvolvidos 9,6% da população trabalha para o Estado em média (OCDE), quase o dobro do Brasil. Sim, o Brasil possui, em relação a outros países, poucos funcionários públicos. Porém os nossos funcionários públicos recebem muito acima do pago por outros países.

Vamos fazer conta de padaria para que todos tenham oportunidade de entender. Vamos arredondar os valores. No Brasil temos 200 milhões de habitantes. Destes 200 milhões de brasileiros, 10 milhões trabalham para o Estado (1 milhão para o Governo Federal, 3 milhões para os governos estaduais e 6 milhões para os municípios). O PIB brasileiro é de 10 trilhões de reais (isso mesmo TRI), algo em torno de 1 TRILHÃO DE REAIS fica no bolso de apenas 10 milhões de brasileiros que trabalham para o governo. Somente para os 1 milhão de servidores federais algo em torno de 320 bilhões de reais. O que daria um salário médio de 26 mil reais mensais. O restante para chegar no TRILHÃO é para pagar os servidores estaduais e municipais.

Dessa forma apenas 10 milhões de brasileiros ficam com 10% do PIB nacional. Aí o que acontece: a narrativa dos políticos, autoridades e funcionalismo público falam que são os empresários que causam a desigualdade social no Brasil. Fazemos um esforço tremendo para dar errado. Sinônimo de sucesso no Brasil não é gerar emprego, é passar em um concurso público.

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Said Santana
Said Aad Aziz Alexandre Santana é economista Ph.D. Com 22 anos de experiência no mercado financeiro, é fundador e CEO do Grupo Rentabilidade Pérola Holding.

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Said Aad Aziz Alexandre Santana é economista Ph.D. Com 22 anos de experiência no mercado financeiro, é fundador e CEO do Grupo Rentabilidade Pérola Holding.
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