Ricardo Pereira: ‘Nossa falsa sensação de segurança de cada dia’

Ricardo Pereira: ‘Nossa falsa sensação de segurança de cada dia’

O que podemos fazer para termos mais atenção, estarmos mais alertas e, consequentemente, termos uma sensação de segurança baseada na realidade e não apenas em percepções ou achismos?

Estimado leitor, seja muito bem-vindo(a) a esta coluna! É um imenso prazer e uma honra estar novamente aqui com você, e fazer parte de alguns minutos do seu dia.

Hoje quero iniciar o artigo com esse pequeno diálogo:

[Pessoa 1] – E aí, como estão as coisas?

[Pessoa 2] – Correria, como sempre. E por aí?

[Pessoa 1] – Na correria também, mas está tudo bem.

Não sei você, mas faz algum tempo que minhas mensagens são semelhantes a essas aí de cima rsrs. Pois é, a correria toma conta dos nossos dias, não tem jeito.

Por um lado, é bom nos mantermos ocupados, principalmente se estamos correndo atrás dos nossos objetivos; não sobra tempo para perder ou jogar fora com algo que não agregue positivamente a nossa vida.

Por outro lado, frequentemente, por conta dessa correria, estamos cansados e estressados. Mas, fazer o quê, faz parte, é assim que a vida funciona (pelo menos para a maioria dos meros mortais rs).

Nessa correria do dia a dia, é comum não nos atentarmos a coisas que podem gerar ameaças para a nossa vida. Dou alguns exemplos:

* Descer ou subir escadas mexendo no celular;

* Atravessar uma rua fora da faixa (desnecessariamente, por pura pressa);

* Entrar no Uber errado (essa ainda não fiz, mas quase kkk, e você?);

* Entre muitos outros casos.

Há também casos que envolvem nossa vida digital:

* Dispositivos com senha fraca (a palavra dispositivo serve tanto para celular como para computador, ok?) ou sem senha configurada;

* Contas de redes sociais, e-mail (seja de uso pessoal ou profissional) sem as devidas configurações de proteção;

* Uso de rede/internet públicos (e com mecanismos de baixa segurança), como Wi-Fi em cafeterias, hotéis, aeroportos e outros locais;

* Compartilhamento de dispositivo com outras pessoas, utilizando o mesmo perfil de acesso;

* Entre muitos outros casos.

Tenho certeza de que alguns destes exemplos cabem na sua realidade, assim como outros que você poderia se recordar.

Junto com o turbilhão de coisas para fazermos no dia a da, vem a falta de atenção a segurança. Aliás, tenho pra mim que carregamos uma falsa sensação de estarmos seguros no dia a dia.

Quando você estiver fora de casa, preste atenção em como você e as pessoas andam desatentas. Você verá que muitas situações vão de encontro com os exemplos que dei anteriormente. No entanto, no piloto automático, muitas vezes não pensamos nos riscos, nas ameaças e nos perigos, apenas seguimos em frente.

Certa vez, já faz alguns anos (creio que deve fazer uns sete anos isso), eu estava esperando o transporte público próximo de onde eu morava na época e, absolutamente do nada (pelo menos para mim, com toda a desatenção do mundo – ou como os jovens (mais jovens do que eu) diriam – brisando rsrs), uma pessoa agarrou meu braço. Imediatamente reagi com um baita susto, puxando meu braço e me afastando, e percebi que essa pessoa estava bastante alterada (creio que por uso de drogas).

Pedi para a pessoa se afastar. Ela não gostou nem um pouco da minha reação e começou a falar várias coisas pra mim, me xingar, e foi aí que percebi que ela não estava em seu estado normal. Não dei corda, logo meu transporte chegou e fui embora.

Meu coração estava disparado. Imagine: sem você perceber, alguém agarra seu braço. Foi assustador. Nessa situação, nada de ruim ocorreu comigo, mas imagine se essa pessoa fosse um criminoso ou, por estar alterada, fizesse algo ruim comigo apenas por estar naquele estado? Não creio que isso seja impossível, muito pelo contrário, e posso crer que pessoas já tiveram experiências piores do que a minha, por estarem desatentas em algum local público.

Antes desse acontecimento, eu andava muito tranquilo quando estava fora de casa, muito desatento. Depois, passei a ficar alerta e até a treinar minha atenção, para não passar por uma situação como essa novamente (ou até mesmo por algo pior).

Um fato engraçado: durante um bom período, quando ia me exercitar em casa, passei a assistir vídeos de defesa pessoal no YouTube. Foi algo que fez parte dos meus momentos de exercício físico, onde eu treinava não apenas como me defender em determinadas situações de perigo, mas também como ter um nível maior de atenção e alerta.

Se você me visse treinando, certamente daria algumas risadas, mas uma coisa posso dizer: deu certo! Hoje em dia, fico muito alerta quando estou fora de casa (talvez até demais, em alguns lugares), e minha atenção sobre o que está ocorrendo ao meu redor é constante; isso ocorre porque, de tanto treinar, virou hábito.

No entanto, como você pôde perceber, nem sempre foi assim. A minha sensação de segurança era positiva na maioria das vezes. Somente após um acontecimento negativo foi que percebi que precisava mudar a minha postura.

Parando para refletir sobre tudo isso, notamos o quanto temos uma falsa sensação de que estamos seguros, e isso ocorre não apenas no mundo físico, mas também no digital.

Pense comigo:

De quanto em quanto tempo você troca a senha do seu celular e das suas contas digitais?

O tempo vai passando, você vai deixando, mas parece que está tudo bem, que suas contas estão seguras (até acontecer um incidente, uma invasão, e você perder o acesso).

Você usa senhas complexas e diferentes em cada conta digital que possui?

Tenho certeza de que a maioria dos leitores diria que não e confesso que é difícil manter esse tipo de segurança porque, realmente, dá um trabalhão.

E o tempo vai passando, você vai deixando, mas parece que está tudo bem, que suas contas estão seguras (até acontecer um incidente, uma invasão, e você perder o acesso).

Posso dizer que isso é tipo uma roleta-russa ou um cassino: uma hora, dá ruim e (desafortunadamente) você perde!

Comparando com situações do mundo físico, seria como fazer aquelas coisas dos exemplos que dei lá no início: andar em escadas mexendo no celular; atravessar uma rua fora da faixa de pedestre; etc, etc, etc.

Neste artigo eu quis jogar uma luz a nossa falsa sensação de segurança. Como você pôde ver, ela existe e está presente em nosso dia a dia. Então, o que podemos fazer para termos mais atenção, estarmos mais alertas e, consequentemente, termos uma sensação de segurança baseada na realidade e não apenas em percepções ou achismos?

Bem, não há segredo: treinar o nosso cérebro até que aquilo se tornar um hábito e investir um pouquinho do nosso tempo no uso dos mecanismos de segurança que estão disponíveis a nós.

Assim como fiz em meus treinamentos de defesa pessoal e andando por locais públicos, treinando minha atenção e minha postura de estar sempre alerta, devemos fazer o mesmo quando falamos de segurança no geral, incluindo no mundo digital.

Estar alerta e ter atenção elevada evita que você clique em links duvidosos, que abra arquivos maliciosos, que faça um PIX para um desconhecido que clonou o WhatsApp de um parente ou amigo, que mantenha suas contas desprotegidas com aquelas senhas fracas (que não são trocadas há uns dez anos) e outras situações.

Portanto, deixe de lado a falsa sensação de segurança e crie o hábito de ter segurança real!

É uma tarefa muitas vezes trabalhosa e chata, mas no mundo em que vivemos, onde nosso valioso patrimônio também é digital, é um trabalho importante e que vale o esforço.

Fico por aqui, espero que tenha gostado do conteúdo de hoje e que de alguma forma ele seja útil para você.

Se cuide e volte para conferir meu próximo artigo; será uma honra ter você aqui novamente.

Um abraço e até breve!

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Ricardo Pereira
Empresário e CEO da Gestein Digital, empresa brasileira especializada em serviços de cibersegurança, consultoria e suporte de TI preventivo.

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