Um esquema de fraudes contra o INSS, estimado em R$ 6,3 bilhões, levou ao afastamento do policial federal Philipe Roters Coutinho de suas funções na Delegacia da PF no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. A investigação ganhou força após a descoberta de condutas suspeitas do agente, incluindo o favorecimento a pessoas ligadas ao esquema.
Imagens das câmeras de segurança do aeroporto revelaram momentos cruciais que ligam o policial ao caso:
* O agente foi flagrado acompanhando Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, ex-chefe da Procuradoria Especializada do INSS, por uma área restrita do terminal aeroportuário
* Posteriormente, Coutinho ofereceu carona em viatura oficial da Polícia Federal ao procurador
* As filmagens também registraram a presença do empresário Danilo Trento, que possui conexões com Maurício Camisotti, dono do Grupo Total Health e suposto beneficiário das fraudes
A Operação Sem Desconto, deflagrada recentemente, resultou na apreensão de US$ 199,6 mil em espécie no apartamento do policial. Por meio de seu advogado, Cristiano Barros, o agente alegou não possuir “qualquer vínculo com as questões relativas ao INSS”, reservando-se a prestar esclarecimentos sobre a origem do dinheiro “perante as autoridades competentes no momento oportuno”.
O caso provocou uma série de consequências institucionais, incluindo a demissão do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, após determinação judicial de seu afastamento. A Justiça Federal determinou a quebra de sigilo de e-mails e conversas por aplicativos de Stefanutto e outros seis ex-dirigentes do alto escalão do INSS, abrangendo o período de 2021 a 2025.
As investigações também apontaram um padrão suspeito nas viagens do policial, caracterizadas por durações curtas, algumas de ida e volta no mesmo dia, com passagens adquiridas em última hora, principalmente para Brasília. A Justiça Federal suspendeu o acesso do agente aos sistemas da Polícia Federal, inclusive por conexão remota, e determinou a quebra de seu sigilo de mensagens.
O escândalo tem gerado pressão sobre o ministro Carlos Lupi, da Previdência, e expõe fragilidades no sistema previdenciário brasileiro, com um esquema que afetou diretamente aposentados do INSS.