Frank Martins: ‘Esqueçam Sul-Americana e Copa do Brasil: o Cruzeiro vai precisar de uma força quase sobrenatural para chegar aos 45 pontos no Brasileirão’

Frank Martins: ‘Esqueçam Sul-Americana e Copa do Brasil: o Cruzeiro vai precisar de uma força quase sobrenatural para chegar aos 45 pontos no Brasileirão’

As mudanças no futebol do Cruzeiro precisam ser mais profundas. Mas sabemos que não vão acontecer. Ou vão?

Olá, torcedor celeste. Já não dá mais pra fingir que está tudo bem. A derrota para o Mushuc Runa, em pleno Mineirão, escancarou uma dura realidade: o Cruzeiro de 2025 é um time apático, descompromissado e completamente desorganizado dentro de campo. E se isso não for suficiente para provocar mudanças profundas no clube, o próximo passo é, inevitavelmente, a luta contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro.

O alerta precisa soar alto, e não dá pra passar pano. Estamos falando de um elenco com folha salarial de R$ 20 milhões mensais, salários rigorosamente em dia, centro de treinamento de excelência, voos fretados e estrutura de clube europeu. Mas em campo… um futebol medíocre, pobre, previsível e, acima de tudo, sem alma. A palavra que melhor define o Cruzeiro hoje é descomprometimento.

É difícil aceitar que, mesmo oferecendo tudo do bom e do melhor, o clube não vê retorno dentro das quatro linhas. O Cruzeiro venceu apenas uma das últimas nove partidas. Sofreu gols em todos os últimos 14 jogos. Foram 19 gols sofridos nesse período. O sistema defensivo é uma peneira, o meio-campo não existe e o ataque é inofensivo. Temos um bando, não um time.

E aqui vai um aviso duro, mas necessário: este elenco tem potencial pra se tornar tão decepcionante quanto o de 2019. Aquele mesmo, que nos levou à queda inédita. A apatia, a soberba, a falta de cobrança interna, a desorganização… os sinais estão todos aí. E se nada for feito, o filme pode se repetir — com roteiro igualmente trágico.

Sim, o técnico Leonardo Jardim tem sim uma parcela de culpa, mas está longe de ser o principal responsável. Ele sequer participou da montagem do elenco. Herdou um grupo sem projeto, sem diretrizes, cheio de lacunas e com muitas peças que não entregam o mínimo necessário. Mas até o trabalho de Jardim preocupa: marcações espaçadas, posicionamentos equivocados, leitura equivocada de jogo. Se alguns jogadores estão boicotando, como parece ser o caso, cabe ao treinador identificar e escantear. Recorra à base. Teste novos nomes. Se seguir desse jeito, não chega nem à janela do meio do ano.

Mas vamos deixar claro: o problema do Cruzeiro é muito maior que o técnico. O Departamento de Futebol, esse sim, precisa estar no centro das críticas. Já houve mudanças na SAF, no comando técnico, na comissão. O único setor que permanece intocado é justamente aquele que mais falhou: quem montou esse elenco caro, preguiçoso e sem identidade precisa ser responsabilizado. O torcedor está cansado de ver dinheiro sendo mal investido. Há jogadores que claramente não têm condição de vestir essa camisa. Foi erro atrás de erro — e todo mundo vê.

Pedrinho, o dono da SAF, não vai aceitar isso por muito tempo. Mas é preciso mais do que paixão e boa vontade. Futebol é gestão, é análise de dados, é scout, é meritocracia, é profissionalismo. O Cruzeiro não pode se contentar em ser um clube de um dono rico e passional. Isso não traz sucesso esportivo. E enquanto as decisões forem tomadas no calor da emoção, o time vai seguir andando em círculos.

O mais preocupante é a sensação de que boa parte do elenco simplesmente não quer estar ali. Jogadores parecem entrar em campo fazendo um favor ao clube. Essa falta de entrega vem se arrastando desde o fim do ano passado. E nenhum técnico, por melhor que seja, consegue dar jeito num ambiente assim.

Se o Cruzeiro joga pior que o Mushuc Runa dentro de casa, vai ganhar de quem no Brasileirão?

A temporada já começou, e o torcedor celeste se vê, mais uma vez, contando pontos na calculadora, mirando o famoso número mágico: 45 pontos. Por isso já endosso o pensamento: esqueçam Sul-Americana e Copa do Brasil. O Cruzeiro vai ter que fazer força quase sobrenatural pra alcançar os 45 pontos. Esse time, com essa postura, com essa liderança frouxa, é candidato ao rebaixamento desde já.

É doloroso dizer isso. Mas é a verdade. E já passou da hora de alguém dentro do clube ter coragem de falar em voz alta.

E não dá mais pra esperar.

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Frank Martins
Frank Martins
Jornalista, cruzeirense e contador de histórias do time que fez do Mineirão o palco da eternidade. Já passei pela Itatiaia, O Tempo, Hoje em Dia, TV Rede Super e ESPN FC, mas aqui no N3 News a proposta é outra: menos noticiário, mais alma. Reflexões, memórias, causos e análises do clube que carrego 5 estrelas no peito e que me ensinou a amar o futebol. Porque ser Cruzeiro é mais do que torcer: é transformar cada jogo em memória e cada título em parte da alma dessas páginas heroicas e imortais.

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