As mudanças no futebol do Cruzeiro precisam ser mais profundas. Mas sabemos que não vão acontecer. Ou vão?
Olá, torcedor celeste. Já não dá mais pra fingir que está tudo bem. A derrota para o Mushuc Runa, em pleno Mineirão, escancarou uma dura realidade: o Cruzeiro de 2025 é um time apático, descompromissado e completamente desorganizado dentro de campo. E se isso não for suficiente para provocar mudanças profundas no clube, o próximo passo é, inevitavelmente, a luta contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro.
O alerta precisa soar alto, e não dá pra passar pano. Estamos falando de um elenco com folha salarial de R$ 20 milhões mensais, salários rigorosamente em dia, centro de treinamento de excelência, voos fretados e estrutura de clube europeu. Mas em campo… um futebol medíocre, pobre, previsível e, acima de tudo, sem alma. A palavra que melhor define o Cruzeiro hoje é descomprometimento.
É difícil aceitar que, mesmo oferecendo tudo do bom e do melhor, o clube não vê retorno dentro das quatro linhas. O Cruzeiro venceu apenas uma das últimas nove partidas. Sofreu gols em todos os últimos 14 jogos. Foram 19 gols sofridos nesse período. O sistema defensivo é uma peneira, o meio-campo não existe e o ataque é inofensivo. Temos um bando, não um time.
E aqui vai um aviso duro, mas necessário: este elenco tem potencial pra se tornar tão decepcionante quanto o de 2019. Aquele mesmo, que nos levou à queda inédita. A apatia, a soberba, a falta de cobrança interna, a desorganização… os sinais estão todos aí. E se nada for feito, o filme pode se repetir — com roteiro igualmente trágico.
Sim, o técnico Leonardo Jardim tem sim uma parcela de culpa, mas está longe de ser o principal responsável. Ele sequer participou da montagem do elenco. Herdou um grupo sem projeto, sem diretrizes, cheio de lacunas e com muitas peças que não entregam o mínimo necessário. Mas até o trabalho de Jardim preocupa: marcações espaçadas, posicionamentos equivocados, leitura equivocada de jogo. Se alguns jogadores estão boicotando, como parece ser o caso, cabe ao treinador identificar e escantear. Recorra à base. Teste novos nomes. Se seguir desse jeito, não chega nem à janela do meio do ano.
Mas vamos deixar claro: o problema do Cruzeiro é muito maior que o técnico. O Departamento de Futebol, esse sim, precisa estar no centro das críticas. Já houve mudanças na SAF, no comando técnico, na comissão. O único setor que permanece intocado é justamente aquele que mais falhou: quem montou esse elenco caro, preguiçoso e sem identidade precisa ser responsabilizado. O torcedor está cansado de ver dinheiro sendo mal investido. Há jogadores que claramente não têm condição de vestir essa camisa. Foi erro atrás de erro — e todo mundo vê.
Pedrinho, o dono da SAF, não vai aceitar isso por muito tempo. Mas é preciso mais do que paixão e boa vontade. Futebol é gestão, é análise de dados, é scout, é meritocracia, é profissionalismo. O Cruzeiro não pode se contentar em ser um clube de um dono rico e passional. Isso não traz sucesso esportivo. E enquanto as decisões forem tomadas no calor da emoção, o time vai seguir andando em círculos.
O mais preocupante é a sensação de que boa parte do elenco simplesmente não quer estar ali. Jogadores parecem entrar em campo fazendo um favor ao clube. Essa falta de entrega vem se arrastando desde o fim do ano passado. E nenhum técnico, por melhor que seja, consegue dar jeito num ambiente assim.
Se o Cruzeiro joga pior que o Mushuc Runa dentro de casa, vai ganhar de quem no Brasileirão?
A temporada já começou, e o torcedor celeste se vê, mais uma vez, contando pontos na calculadora, mirando o famoso número mágico: 45 pontos. Por isso já endosso o pensamento: esqueçam Sul-Americana e Copa do Brasil. O Cruzeiro vai ter que fazer força quase sobrenatural pra alcançar os 45 pontos. Esse time, com essa postura, com essa liderança frouxa, é candidato ao rebaixamento desde já.
É doloroso dizer isso. Mas é a verdade. E já passou da hora de alguém dentro do clube ter coragem de falar em voz alta.
E não dá mais pra esperar.