Uma equipe de pesquisadores liderada pelo arqueólogo Eduardo Neves, diretor do Museu de Arqueologia e Etnografia da Universidade de São Paulo (USP), fez uma descoberta extraordinária na Amazônia: as ruínas de uma cidade portuguesa do século XVIII, que permaneceu oculta por séculos na floresta tropical.
A descoberta foi apresentada durante um evento no Museu da Amazônia, em Manaus, como parte do projeto Amazônia Revelada, que reúne especialistas em estudos sobre a região e seus povos tradicionais, incluindo quilombolas.
* Os pesquisadores conseguiram identificar o traçado das ruas da antiga cidade utilizando mapas históricos da região, mesmo após a floresta ter reclamado o território e as estruturas originais terem sido parcialmente removidas
* No estado de Rondônia, a equipe encontrou uma estrutura de pedra denominada “Serra da Muralha”, onde foram identificadas formações geométricas no solo, incluindo círculos, quadrados e vestígios de antigas estradas
* Um sítio arqueológico contendo cerâmicas e padrões reticulados também foi descoberto na região, embora sua função específica ainda não tenha sido determinada – podem ser antigas áreas de habitação ou cultivo
A presença de construções em alvenaria ou pedra na Amazônia é considerada extremamente rara, o que torna esta descoberta ainda mais significativa para a compreensão da história colonial da região.
A cidade foi estabelecida durante o período colonial, quando Portugal buscava expandir sua influência na região amazônica. Esta expansão foi motivada por diversos fatores, incluindo:
* A busca por riquezas naturais, como ouro e as chamadas “drogas do sertão”
* A necessidade de ocupar e defender o território contra outras potências coloniais
* O estabelecimento de rotas comerciais estratégicas
* A expansão das missões religiosas, principalmente jesuítas, para evangelização dos povos indígenas
A presença portuguesa na Amazônia se intensificou a partir do século XVII, com a construção de fortes e vilas para proteção contra invasões de outras potências europeias, como holandeses, franceses e espanhóis. O Forte do Presépio, atual Belém do Pará, estabelecido em 1616, é um exemplo dessa estratégia de ocupação.
Esta descoberta arqueológica representa um importante capítulo na história da colonização da Amazônia, evidenciando como os portugueses se estabeleceram além das regiões costeiras, penetrando profundamente no interior do território brasileiro. A cidade pode ter servido como entreposto comercial ou fortificação estratégica, demonstrando a importância militar, econômica e religiosa da região para os colonizadores portugueses.