A Universidade Federal de Lavras (UFLA) alcançou um marco histórico ao se tornar a única instituição brasileira autorizada a desenvolver projetos in vitro com cannabis medicinal geneticamente modificada. A certificação foi concedida pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), órgão vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Este avanço complementa a autorização prévia da Anvisa para pesquisas de cultivo in vitro de cannabis medicinal, permitindo que a UFLA desenvolva variedades com perfis específicos de canabinoides, visando otimizar a produção de compostos terapêuticos e melhorar a eficácia dos tratamentos.
A coordenadora do Centro Biotecnológico de Plantas Psicoativas (CBPP), Vanessa Cristina Stein, destaca: “É um passo fundamental para a evolução da medicina e para a democratização do acesso a tratamentos baseados nessa planta de grande relevância terapêutica”.
A Cannabis sativa L. possui mais de 400 substâncias químicas, sendo 60 delas classificadas como canabinoides, que interagem com receptores específicos no corpo humano. O THC (tetra-hidrocanabinol) é um dos principais compostos estudados, com diversos usos medicinais comprovados cientificamente.
No contexto legal brasileiro, a lei 11.343/2006 criminaliza atos relacionados ao uso pessoal de drogas, mas permite o uso medicinal do THC com prescrição médica. Segundo o Dr. Pietro Vanni, “os produtos ricos em THC podem ser obtidos em farmácia (com receita especial do tipo A), por meio de importação e por meio de associação de pacientes”.
O acesso legal aos canabinoides também pode ocorrer através de medicações registradas na Anvisa, autorização para uso compassivo em casos graves específicos, ou participação em estudos clínicos aprovados pelo sistema CEP/Conep.
A autorização concedida à UFLA representa um avanço significativo para a pesquisa científica brasileira e para o desenvolvimento de tratamentos medicinais mais eficazes baseados em cannabis.