STF muda regras do foro privilegiado para políticos

STF muda regras do foro privilegiado para políticos

Supremo Tribunal Federal decide que investigações de crimes funcionais continuarão na Corte mesmo após autoridades deixarem seus cargos

O Supremo Tribunal Federal (STF) estabeleceu uma mudança significativa nas regras do foro privilegiado para políticos investigados, com uma decisão aprovada por 7 votos a 4. A nova determinação estabelece que as investigações de autoridades permanecerão sob jurisdição do STF, mesmo após o término de suas funções públicas.

A decisão representa uma alteração substancial em relação à regra vigente desde 2018, que limitava o foro privilegiado apenas ao período do mandato e para crimes relacionados à função pública.

Votação e Posicionamentos

* Os ministros Gilmar Mendes (autor da proposta), Flávio Dino, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso e Nunes Marques votaram a favor da ampliação
* A divergência foi aberta pelos ministros André Mendonça e Edson Fachin, seguidos por Cármen Lúcia e Luiz Fux, que votaram pela manutenção das regras atuais

Contexto da Mudança

* A discussão teve origem em dois processos relatados pelo ministro Gilmar Mendes
* Um dos casos envolve o senador Zequinha Marinho (Podemos-PA), réu por suspeita de esquema de “rachadinha” quando deputado federal
* O outro processo diz respeito a um recurso da ex-senadora Rose de Freitas (MDB-ES), investigada por corrupção passiva e outros crimes

O ministro Gilmar Mendes, ao propor a nova interpretação, argumentou que a regra atual permitia que investigados escapassem do julgamento ao renunciar ou não se reelegerem. Em suas palavras: “O parlamentar pode, por exemplo, renunciar antes da fase de alegações finais para forçar a remessa dos autos a um juiz que, aos seus olhos, é mais simpático aos interesses da defesa”.

A nova tese estabelece que crimes cometidos durante o exercício da função pública ou relacionados ao cargo continuarão sob jurisdição do STF, independentemente de a autoridade permanecer ou não no cargo público. Este entendimento já foi aplicado em casos recentes, como no inquérito que investiga acusações contra o ex-ministro Silvio Almeida.

A decisão do STF representa uma mudança significativa na forma como serão conduzidos os processos envolvendo autoridades públicas no Brasil, estabelecendo um novo paradigma para o foro privilegiado.

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