A precariedade do saneamento básico no Brasil resultou em mais de 344 mil internações hospitalares em 2024, equivalente a aproximadamente 950 casos diários. Os dados foram divulgados pelo Instituto Trata Brasil às vésperas do Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março.
As hospitalizações foram causadas principalmente por doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado, com destaque para duas categorias principais: 168,7 mil casos de infecções transmitidas por insetos-vetores, especialmente a dengue, e 163,8 mil ocorrências de doenças de transmissão feco-oral.
* A região Centro-Oeste registrou a maior incidência nacional, com 25,5 internações por 10 mil habitantes, impulsionada pelo surto de dengue
* O Norte apresentou 14,5 internações por 10 mil habitantes devido a doenças de transmissão feco-oral, taxa duas vezes superior à média nacional
* Amapá e Rondônia lideram com as piores situações, registrando 24,6 e 22,2 internações por 10 mil habitantes, respectivamente
* No Maranhão, a taxa de internações por transmissão feco-oral atingiu 42,5 casos por 10 mil habitantes, seis vezes acima da média brasileira
* 64,8% das internações foram de pessoas pretas ou pardas
* População indígena apresentou incidência de 27,4 casos por 10 mil habitantes
* Crianças até 4 anos representaram 20% das hospitalizações, com 53,7 casos por 10 mil
* Idosos registraram 23,6 casos por 10 mil, totalizando 23,5% das internações
O estudo também revelou dados alarmantes sobre mortalidade, com 11.544 óbitos registrados em 2023 por doenças relacionadas ao saneamento ambiental. Destes, 5.673 foram causados por infecções feco-orais e 5.394 por doenças transmitidas por insetos.
O Instituto Trata Brasil projeta que a ampliação da oferta de água tratada e do sistema de coleta e tratamento de esgoto poderia reduzir em cerca de 70% as taxas de internação, gerando uma economia anual de R$ 43,9 milhões aos cofres públicos.