O presidente russo Vladimir Putin apresentou uma nova proposta para o conflito na Ucrânia, sugerindo a implementação de uma “administração de transição” sob supervisão da ONU, explicitamente excluindo o atual presidente Volodimir Zelensky do processo. A declaração ocorreu nesta sexta-feira (28), após uma série de encontros diplomáticos envolvendo os Estados Unidos e delegações de ambos os países na Arábia Saudita.
Durante visita a Murmansk, no noroeste da Rússia, Putin detalhou sua proposta: “Poderíamos, claro, discutir com os Estados Unidos, até mesmo com países europeus e, claro, com nossos parceiros e amigos, sob a tutela da ONU, a possibilidade de estabelecer uma administração de transição na Ucrânia”.
Pontos principais da proposta de Putin:
* A administração transitória teria como objetivo organizar novas eleições presidenciais que Putin classifica como “democráticas”
* O processo resultaria na formação de um novo governo com “competências e confiança do povo”
* Após estabelecido o novo governo, iniciariam-se negociações para um acordo de paz
* Putin justificou a proposta citando precedentes de administrações de transição em outras operações de manutenção da paz da ONU
O contexto atual do conflito apresenta diversos desafios:
* A Ucrânia está sob lei marcial desde o início da ofensiva russa em fevereiro de 2022, impossibilitando a realização de eleições
* O país enfrenta bombardeios diários, com parte significativa da população mobilizada na frente de batalha ou refugiada
* Recentemente, os Estados Unidos propuseram um cessar-fogo sem condições, aceito por Kiev mas rejeitado por Moscou
* Putin afirma que suas tropas mantêm “iniciativa estratégica” em toda a linha de frente, progredindo para alcançar os objetivos anunciados
A proposta surge em um momento de intensas movimentações diplomáticas, com aliados europeus de Kiev reunindo-se em Paris para discutir garantias de segurança para a Ucrânia. O possível retorno de Donald Trump à Casa Branca gera preocupações sobre uma eventual paz com condições favoráveis à Rússia.