Manifestação de aposentados na Argentina termina em violência após confrontos com a polícia, resultando em mais de 100 prisões e 20 feridos. O protesto, que contou com apoio de torcidas organizadas, marca a crescente tensão contra as políticas ultraliberais do presidente Javier Milei.
Os protestos semanais dos aposentados argentinos, realizados tradicionalmente às quartas-feiras, ganharam nova dimensão com a participação de torcidas organizadas de aproximadamente 30 times de futebol e organizações sociais. Os manifestantes protestam contra o declínio acentuado no valor das aposentadorias e perda de direitos previdenciários.
* Os confrontos iniciaram quando manifestantes desafiaram cordões policiais próximos ao Congresso e à Praça de Maio, em Buenos Aires. A polícia respondeu com balas de borracha, gás lacrimogêneo e canhões de água.
* O saldo da manifestação inclui 103 pessoas presas, sendo 89 pela polícia local e 14 por forças federais. Entre os 20 feridos, 10 são policiais com ferimentos leves, e um civil encontra-se em estado grave com crânio fraturado por impacto de cápsula de gás lacrimogêneo.
* Veículos oficiais foram danificados durante os protestos, incluindo uma viatura policial e uma motocicleta incendiadas, além de sete veículos da Secretaria de Segurança de Buenos Aires vandalizados.
As principais reivindicações dos aposentados incluem:
* Atualização do valor das aposentadorias
* Restabelecimento da cobertura dos custos com medicamentos
* Continuação da moratória previdenciária que permite aposentadoria sem os 30 anos de contribuição
Sob o governo Milei, a Argentina registrou redução da inflação de 211,4% em 2023 para 117,8% em 2024, alcançando superávit fiscal. Contudo, as medidas resultaram em 200 mil empregos perdidos, paralisação de obras públicas e aumento nas taxas de pobreza. Os preços de medicamentos e serviços essenciais dobraram, afetando especialmente os cerca de 60% dos aposentados que recebem a pensão mínima de aproximadamente R$ 1.970.
Após os confrontos, moradores de Buenos Aires realizaram panelaços em diversos bairros, e centenas de manifestantes marcharam novamente até a sede do governo.