Pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UFV) anunciaram a descoberta de uma nova espécie de inseto aquático, denominada Cloeodes tovauna, no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, na Zona da Mata de Minas Gerais. A espécie, pertencente à ordem Ephemeroptera, foi identificada em riachos preservados da região e recebeu seu nome devido à coloração escura característica da cabeça de sua ninfa.
O estudo, publicado na revista científica Zootaxa, foi conduzido pelos pesquisadores Igor Amaral e Erika Cifuentes-Vargas, alunos do Programa de Pós-graduação em Entomologia da UFV, em colaboração com o professor Frederico Salles, do Departamento de Entomologia.
* A Cloeodes tovauna possui características distintivas, incluindo ninfas de corpo marrom-escuro, especialmente na região da cabeça
* O nome científico tem origem tupi-guarani, onde “Tova” significa face e “una” significa preto, referindo-se à coloração característica
* A espécie foi encontrada exclusivamente em áreas preservadas de Mata Atlântica, com registros em Araponga, Ouro Preto, Catas Altas e Caparaó
* As ninfas vivem submersas, nadando ou caminhando sobre rochas em córregos preservados
* Inicialmente, os pesquisadores confundiram a espécie com a Cloeodes aymore, já registrada na região do Caparaó
* Após análises mais detalhadas dos exemplares coletados, confirmou-se tratar de uma espécie até então desconhecida
* O processo completo, desde a coleta até a confirmação da nova espécie, levou mais de um ano
A Cloeodes tovauna, assim como outras espécies de Ephemeroptera, desempenha um papel crucial na dinâmica de nutrientes dos ambientes aquáticos. Esses insetos se alimentam de algas nos riachos e servem de alimento para outros invertebrados, peixes, aves e anfíbios. Além disso, são importantes indicadores da qualidade da água devido à sua sensibilidade a alterações físicas e químicas.
O Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, onde a espécie foi descoberta, representa uma área estratégica para a conservação da biodiversidade em Minas Gerais. Localizado em uma região cercada por plantações de café, o parque abriga não apenas a Cloeodes tovauna, mas também outras espécies raras e endêmicas da Mata Atlântica mineira.
A descoberta desta nova espécie reforça a importância da conservação de ambientes preservados e contribui para o conhecimento da biodiversidade brasileira. Segundo os pesquisadores, novas espécies ainda estão em fase de descrição pela equipe do Museu de Entomologia da UFV, demonstrando o potencial científico da região.