A Organização das Nações Unidas (ONU) emitiu um alerta preocupante nesta quarta-feira (12) sobre a crítica situação humanitária na Faixa de Gaza, onde os suprimentos essenciais estão se esgotando rapidamente devido ao bloqueio imposto por Israel.
O bloqueio, que já dura 11 dias, inclui a interrupção do fornecimento de ajuda humanitária e o corte da única linha elétrica que abastece a principal usina dessalinizadora do território. Esta medida faz parte da estratégia israelense para pressionar o Hamas nas negociações da próxima fase da trégua.
Tom Fletcher, chefe do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), destacou em entrevista coletiva que após o cessar-fogo de 19 de janeiro, a ONU conseguiu avançar significativamente no fornecimento de alimentos e medicamentos, além da reativação de hospitais danificados. No entanto, a situação atual é alarmante.
“Onze dias já são dias demais para impedir que a ajuda chegue aos civis que tanto necessitam”, afirmou Fletcher. “Os suprimentos estão se esgotando muito rápido”, alertou, explicando que a ONU está sendo forçada a racionar as reservas disponíveis.
A situação é particularmente crítica no setor de saúde, onde “o fato de que não chegue combustível significa que as incubadoras estão sendo desligadas”, conforme destacou Fletcher, alertando para o risco de uma nova crise humanitária em Gaza.
O contexto atual se desenvolve após um acordo de trégua mediado por Estados Unidos, Catar e Egito, que resultou em um cessar-fogo em 19 de janeiro, interrompendo 15 meses de conflito. Durante a primeira fase, concluída em 1º de março, o Hamas libertou 33 reféns israelenses, incluindo oito mortos, enquanto Israel liberou cerca de 1.800 prisioneiros palestinos.
As negociações para a segunda fase do acordo continuam, com divergências significativas entre as partes. O Hamas busca um cessar-fogo permanente, a retirada completa de Israel de Gaza e a libertação dos últimos reféns. Por outro lado, Israel propõe estender a primeira fase até meados de abril e exige a “desmilitarização total” do território, além da saída do Hamas e a devolução dos reféns restantes antes de prosseguir para a próxima etapa.