Segundo dados do MapBiomas, o Brasil registrou nova diminuição em sua área coberta por água em 2024. A superfície hídrica atual de 17,9 milhões de hectares representa uma queda de 2,2% em comparação com 2023 e está 3,2% abaixo da média histórica de 40 anos.
O monitoramento realizado pela plataforma colaborativa, que reúne universidades, ONGs e empresas, indica que este é o segundo ano consecutivo de redução na cobertura hídrica do país. Em 2023, já havia sido registrada uma queda de 2,6% em relação a 2022.
* A última década concentrou 8 dos 10 anos mais secos em toda a série histórica do MapBiomas, que completa 40 anos de análises
* Nos últimos 15 anos, apenas 2022 superou a média histórica de superfície de água, alcançando 18,8 milhões de hectares
* Em contraste, entre 1985 e 1999, todos os anos apresentaram valores acima da média histórica
Juliano Schirmbeck, coordenador-técnico do MapBiomas Água, destaca: “Temos um histórico recente de muitos anos secos, seguidos de uma recuperação pontual em 2022. Se olharmos os últimos 25 anos, o cenário é preocupante e crítico, pois a superfície de água permanece na média da série histórica ou abaixo dela”.
* O Pantanal emerge como o bioma mais afetado, com apenas 366 mil hectares em 2024, representando uma redução superior a 60% em relação à média histórica
* A Amazônia mantém sua posição como principal reservatório hídrico do país, concentrando 61% da superfície de água
* Mata Atlântica (13%), Pampa (10%), Cerrado (9%) e Caatinga (5%) completam a distribuição
“No começo da série, o Pantanal ficava meio ano inundado, o que era normal para aquele ecossistema. Hoje, o período de inundação é muito mais curto, durando apenas dois ou três meses inundados, quando ocorrem”, explica Schirmbeck.
Um dado preocupante revelado pelo MapBiomas é o aumento de 54% na água artificial (reservatórios e represas) desde 1985, enquanto os corpos d”água naturais sofreram redução de 15% no mesmo período. O Cerrado já possui mais superfície de água artificial do que natural, representando 60% do total no bioma.
Diante das mudanças climáticas, Schirmbeck sugere a adoção de soluções baseadas na natureza, como a proteção de nascentes e a valorização de áreas úmidas, como estratégia para enfrentar eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes.