Aos 67 anos, Lobão retorna a Belo Horizonte para uma apresentação especial no Palácio das Artes, local que marca sua primeira performance na capital mineira. O músico, que acumula cinco décadas de carreira, apresenta um show que mistura seus grandes sucessos e prepara-se para lançar um novo álbum de inéditas, intitulado “Vale da Estranheza”.
Distanciando-se das polêmicas políticas que marcaram seus últimos anos, Lobão volta seu foco inteiramente para a música. “Nunca gostei de política!”, declara o artista, que justifica suas experiências anteriores como parte de seu “mecanismo de desterritorialização”.
O show atual é definido pelo artista como uma apresentação “intermediária” entre as comemorações de seus 50 anos de carreira e seus trabalhos mais recentes. No repertório, destacam-se:
* Sucessos consagrados como “Corações Psicodélicos”, “Rádio Blá”, “Me Chama”, “Vida Louca Vida” e “Essa Noite, Não”
* Versões das “Canções de Quarentena”, incluindo “Disparada” de Geraldo Vandré
* Releituras dos anos 1980 gravadas com o grupo Os Eremitas da Montanha
* Apresentação de composições inéditas do próximo álbum
O novo projeto “Vale da Estranheza” já conta com nove composições, majoritariamente criadas na viola caipira. O álbum terá participação especial do diretor teatral Gerald Thomas, que contribuirá com improvisações em órgão. “O Gerald é parceiro de alma desse disco, está presenciando tudo, dando mil dicas”, revela Lobão.
Um destaque especial do novo trabalho é a reconciliação com Bernardo Vilhena, seu antigo parceiro de composição responsável por sucessos como “Revanche” e “Vida Bandida”. Após anos de afastamento por divergências políticas, os dois voltaram a criar juntos, resultando em novas canções como “Canções de Um Novo Show”, que aborda temas contemporâneos como algoritmos.
O título do novo álbum foi inspirado em estudos sobre robótica e andróides, explorando a relação entre humanos e máquinas. Lobão também incorpora conceitos de desterritorialização em suas novas composições, refletindo sobre a ausência de vínculos territoriais e sua visão sobre o futuro da humanidade.
O artista mantém seu olhar voltado para o futuro, negando-se a eleger um álbum como o mais importante de sua carreira. “O dia que eu disser que é esse ou aquele estou morto, o melhor está sempre por vir, sigo em fase de crescimento”, afirma o músico, demonstrando sua constante busca por renovação.