O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou nesta quarta-feira, 12 de março, que o governo brasileiro manterá o caminho da negociação para tentar reverter a sobretaxa americana sobre o aço brasileiro, descartando qualquer retaliação imediata conforme orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Nós não vamos proceder assim por orientação do presidente da República. O presidente Lula falou muita calma nessa hora, nós já negociamos outras vezes em condições até muito mais desfavoráveis do que essa”, declarou Haddad, enfatizando que a tarifa de 25% sobre o aço importado será prejudicial para a própria indústria americana.
O Ministério da Fazenda planeja elaborar uma nota técnica sobre o assunto para auxiliar o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), responsável pelas negociações com os Estados Unidos. A declaração ocorreu após reunião com representantes do setor siderúrgico, que apresentaram propostas para proteger a indústria local.
Haddad classificou os argumentos da siderurgia brasileira como “muito consistentes” e refutou a acusação americana de que o Brasil estaria reexportando aço importado de outros países. O ministro explicou que o comércio entre os países é equilibrado, com o Brasil exportando produtos semiacabados e importando produtos acabados.
O governo brasileiro relembra o precedente de 2018, quando conseguiu evitar a sobretaxa ao estabelecer uma cota de exportação para os americanos. Haddad também destacou que a medida americana pode ter repercussões inflacionárias nos Estados Unidos, mesmo com a expectativa de redução dos juros pelo Fed este ano.
O ministro ressaltou que o governo está monitorando as medidas americanas, que afetam não apenas o Brasil, mas diversos países, e que a taxação resultará em encarecimento dos produtos importados para o consumidor americano. O Ministério da Fazenda começará a analisar as propostas apresentadas pelo setor privado para buscar uma solução diplomática para a questão.