O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, confirmou nesta quinta-feira que a inflação brasileira permanecerá acima da meta estabelecida no curto prazo, mesmo com a taxa de juros em patamar elevado. Durante coletiva de imprensa sobre o Relatório de Política Monetária (RPM), Galípolo destacou que será o primeiro presidente do BC a escrever duas cartas ao Conselho Monetário Nacional (CMN) em um único ano, explicando o descumprimento da meta inflacionária.
Em relação à política monetária, Galípolo indicou que haverá novo aumento da taxa Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em maio, embora em magnitude menor. O BC mantém sua postura de cautela diante do cenário de incertezas econômicas.
* Galípolo rebateu questionamentos sobre o compromisso do BC com a meta de inflação, afirmando: “É curioso alguém falar em não comprometimento com a meta após alta de 3 pontos porcentuais na Selic”.
* O presidente do BC enfatizou a autonomia dos membros do Copom, negando que as decisões sobre juros tenham sido determinadas pelo ex-presidente Roberto Campos Neto.
* Em resposta às críticas do governo, Galípolo explicou que a função de reação do BC considera o cenário atual, onde a taxa de juros nominal cresceu mais que a inflação.
* O BC enfrenta um cenário complexo com expectativas desancoradas e inflação corrente acima da meta, justificando a continuidade do ciclo de aperto monetário.
* Galípolo utilizou uma analogia médica para explicar a política monetária: “Você dá o remédio agora, o remédio vai ter um efeito ao longo do tempo e a percepção de que esse remédio está funcionando ou não vai ser contada por uma série de dados”.
* Sobre comentários do vice-presidente Geraldo Alckmin relacionados ao modelo do Federal Reserve, Galípolo minimizou a questão, destacando que a autonomia do BC não impede o debate sobre seu arcabouço.