O Banco Central (BC) recebeu a documentação referente ao pedido de compra do Banco Master pelo BRB, marcando um importante passo na possível aquisição avaliada em R$ 2 bilhões. A operação, que prevê que o BRB detenha 58% do capital total e 49% das ações ordinárias do Master, aguarda agora análise técnica da autarquia.
O processo de análise pelo BC seguirá um protocolo rigoroso, conforme estabelecido pela resolução 4.970 de 2021 do Conselho Monetário Nacional (CMN). A autarquia confirmou que “quando protocolado o pedido pelo Banco Master, o BC vai avaliar o pedido tecnicamente quanto ao cumprimento dos requisitos aplicáveis a operações da espécie”.
* O BC realizará inicialmente uma verificação da completude da documentação apresentada pelas instituições financeiras
* Caso a documentação esteja completa, será aberta a instrução processual com prazo de 360 dias para análise
* Se houver pendências documentais, será concedido prazo adicional para complementação
* A operação também necessitará de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)
O presidente do BC, Gabriel Galípolo, demonstrou a relevância da operação ao alterar sua agenda para receber o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, em Brasília. A reunião contou com a presença dos diretores de Fiscalização, Ailton Aquino, e de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução, Renato Gomes.
O mercado reagiu positivamente à notícia, com as ações ordinárias do BRB registrando valorização de 83,44% em relação à sexta-feira. O valor da transação, R$ 2 bilhões, representa 75% do patrimônio consolidado do Master, conforme demonstrações financeiras auditadas pela PricewaterhouseCoopers (PwC).
A operação gera discussões no mercado financeiro devido à política agressiva do Banco Master na captação de recursos, oferecendo rendimentos de até 140% do CDI, significativamente acima das taxas médias praticadas por bancos de menor porte. A instituição também enfrenta questionamentos sobre operações com precatórios e uma tentativa mal-sucedida de emissão de títulos em dólares.
Anteriormente, o BTG Pactual havia demonstrado interesse na aquisição do Banco Master, oferecendo R$ 1 pelo controle e propondo utilizar recursos do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para cobrir passivos, mas a negociação não avançou devido à falta de consenso entre os bancos participantes do FGC.
A conclusão deste processo dependerá da análise técnica do Banco Central e da aprovação do Cade, estabelecendo um novo capítulo na história do sistema financeiro brasileiro.