O ex-presidente Jair Bolsonaro revelou em entrevista à Folha de S. Paulo sua apreensão quanto a uma possível prisão relacionada ao caso da tentativa de golpe de estado, processo no qual se tornou réu no Supremo Tribunal Federal (STF). “É o fim da minha vida. Eu já estou com 70 anos”, declarou Bolsonaro ao abordar a possibilidade de detenção.
Em um momento de significativa relevância para o processo judicial, Bolsonaro admitiu ter discutido alternativas de ruptura democrática após sua derrota nas eleições de 2022 para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), incluindo a possibilidade de decretar estado de sítio.
* Bolsonaro enfrenta acusações que podem resultar em até 35 anos de prisão, incluindo:
* Organização criminosa armada
* Golpe de estado
* Tentativa de abolição violenta do estado democrático
* Deterioração de patrimônio tombado
* Dano qualificado contra o patrimônio da União
* O ex-presidente confirmou ter discutido alternativas antidemocráticas com militares, incluindo o então ministro da Defesa, General Walter Braga Netto
* “Tem que discutir com várias pessoas. Eu tenho muita confiança nos militares. Não tem problema nenhum conversar. Conversa primeiro com o ministro da Defesa”, afirmou Bolsonaro
* Uma das opções consideradas foi a utilização do artigo 142 para instaurar estado de sítio, plano que teria sido abandonado em dezembro
Bolsonaro explicou que a desistência do plano golpista ocorreu devido às dificuldades em administrar o período pós-golpe, o chamado “after day”. “E, para você dar um golpe, ao arrepio das leis, você tem que buscar como é que está a imprensa, quem vai ser nosso porta-voz, empresarial, núcleos religiosos, Parlamento, fora do Brasil. O “after day”, como é que fica?”, revelou.
Em sua defesa, o ex-presidente alegou não ter violado a Constituição: “Completamente injusta uma possível prisão. Cadê meu crime? Onde eu quebrei alguma coisa? Cadê a prova de um possível golpe? A não ser discutir dispositivos constitucionais que não saíram do âmbito de palavras”.