Após nove meses em órbita na Estação Espacial Internacional (ISS), os astronautas da Nasa Sunita Williams, 59, e Barry Eugene Wilmore, 62, retornam à Terra. A missão, inicialmente programada para oito dias, foi estendida devido a problemas técnicos com a nave espacial.
O corpo humano passa por diversas alterações durante a permanência no espaço, principalmente devido à exposição à radiação e à microgravidade. Pesquisas científicas têm demonstrado impactos significativos em diferentes sistemas do organismo.
* A radiação espacial representa um dos maiores desafios, conforme explica Susan Bailey, bióloga da Universidade Estadual do Colorado: “A exposição à radiação é realmente muito prejudicial ao nosso DNA”. Este fator aumenta o risco de câncer e estresse oxidativo no organismo.
* A microgravidade causa desmineralização óssea significativa, com perda de 1% a 1,5% da densidade óssea por mês no espaço. Existe também risco aumentado de formação de cálculos renais devido ao acúmulo de cálcio no sistema excretor.
* Os músculos sofrem atrofia considerável, podendo perder até 20% da massa em duas semanas e 30% em missões de três a seis meses, devido ao menor esforço necessário para manter a postura.
* A visão é afetada pelo deslocamento de fluidos corporais para a cabeça, podendo desenvolver a síndrome neuro-ocular associada ao voo espacial, que pode comprometer permanentemente a capacidade de foco.
Na ISS, medidas preventivas são implementadas para minimizar estes impactos. Os astronautas mantêm uma rotina rigorosa de exercícios físicos, incluindo agachamentos, levantamentos e remadas, utilizando equipamentos específicos na “academia” da estação. Além disso, realizam atividades em esteira e bicicleta ergométrica, complementadas com suplementação para manutenção da saúde óssea.
A saúde mental também recebe atenção especial, com suporte psicológico e integração em trabalhos científicos junto aos outros sete astronautas presentes na ISS. Bailey afirma: “Em termos de saúde, prevejo que será muito semelhante ao que vimos com alguns de nossos astronautas de seis meses e com os que de fato estão lá há um ano ou até um pouco mais”.
Ao retornarem, Williams e Wilmore serão submetidos a monitoramento regular de saúde para avaliar os impactos da prolongada exposição espacial em seus organismos.