A redução da inflação na Argentina é consequência direta de uma profunda recessão econômica, segundo análise do economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, especialista que ministra cursos sobre economia dos países, incluindo a Argentina. A recessão foi impulsionada por cortes significativos nos gastos públicos implementados pelo governo do presidente ultraliberal Javier Milei.
“A grande explicação para a queda da inflação na Argentina está na queda do PIB. Ou seja, a economia mergulhou em recessão e a consequência disso é a queda da inflação porque você tem uma economia que para de funcionar e se contrai”, explicou Gala, estimando uma queda de 3% a 4% no PIB argentino.
* O governo Milei implementou um rigoroso ajuste fiscal que incluiu suspensão de obras públicas, demissões de funcionários e redução de repasses para províncias
* As medidas resultaram no maior superávit fiscal da América Latina
* A produção industrial registrou queda de 9,4% no acumulado de 2024, uma melhora em relação à retração de 15,4% observada em abril do mesmo ano
* A pobreza aumentou drasticamente, saltando de 38,7% no primeiro trimestre de 2023 para 54,8% no primeiro trimestre de 2024
* Houve uma melhora nos indicadores de pobreza ao longo de 2024, retornando a aproximadamente 38% no terceiro trimestre
* A pobreza multidimensional piorou, passando de 39,8% em 2023 para 41,6% em 2024
Paulo Gala ressalta que, apesar de alguns indicadores econômicos terem melhorado no final do ano passado, a situação continua crítica: “Ainda é um caso de UTI. O ano passado foi um ano muito difícil. Então, dificilmente 2025 vai ser pior do que o ano passado”.
O Observatório da Dívida Social da Argentina alerta que a aparente melhora nos índices de pobreza deve ser analisada com cautela, pois o aumento nos custos de serviços essenciais como transporte, comunicação e utilidades públicas tem reduzido o poder de compra das famílias para itens básicos.