Um empresário de 27 anos foi morto durante uma abordagem policial na noite de segunda-feira (24 de fevereiro) no bairro Águas Claras, região do Barreiro, em Belo Horizonte. Frederico Souto de Azevedo, conhecido como Fred, era proprietário de distribuidoras de bebidas, lanchonetes e uma padaria na região, sendo uma figura querida pela comunidade local.
A morte do empresário desencadeou uma série de eventos e protestos:
* A Polícia Militar afirma que foi ao local após denúncia anônima sobre um suspeito armado na travessa Dilson de Jesus. Durante a operação, que inicialmente visava outro suspeito de roupa preta que havia fugido, Frederico, que vestia uma blusa azul, foi abordado ao sair do condomínio.
* Segundo o Boletim de Ocorrência, o empresário teria resistido à ordem dos policiais, tentado fugir e supostamente apontado uma arma para os agentes, sendo então atingido no pescoço. A versão é contestada por amigos e familiares, que afirmam que ele estava desarmado.
* Um vídeo do momento da abordagem mostra Frederico sendo revistado por um agente enquanto vizinhos registravam a situação. Simultaneamente, outro policial tinha um desentendimento com uma mulher, supostamente a mãe do empresário. Na sequência, Frederico tenta fugir, apesar dos apelos dos amigos, e é atingido pelos disparos.
Na manhã seguinte, moradores organizaram uma manifestação que foi reprimida com balas de borracha pela PM. A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) confirmou que Frederico não possuía antecedentes criminais, e não foram encontrados processos em seu nome no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).
“O Fred era um rapaz que sempre tratou todo mundo bem, sempre abriu as portas pras pessoas trabalharem. Ele namorava, não perturbava ninguém”, relatou um amigo que preferiu não se identificar. O mesmo amigo também destacou o empreendedorismo de Frederico: “O que revolta é isso, a pessoa está trabalhando, não mexe com coisa errada, e isso acontece. Ele trocava as curtições de momento, de noitadas, para mexer na padaria, repor as bebidas das distribuidoras ou resolver problemas de funcionários. E aí, da noite para o dia, a gente perde uma amizade dessas”.
A Polícia Militar não havia se manifestado sobre a morte do empresário nem sobre os disparos realizados durante o protesto dos moradores.