A 16ª conferência das Nações Unidas sobre biodiversidade (COP16) será retomada em Roma em 25 de fevereiro, buscando resolver o impasse entre países do Norte e do Sul sobre o financiamento necessário para frear a destruição da natureza até 2030.
Em um cenário geopolítico desafiador, 154 países confirmaram presença nas negociações que acontecerão na sede da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). O encontro ocorre quatro meses após a suspensão abrupta dos trabalhos em Cali, Colômbia, devido a divergências significativas entre nações desenvolvidas e em desenvolvimento.
* A COP16 na Colômbia, que reuniu 23.000 participantes, foi interrompida em 2 de novembro devido a divergências entre países ricos e em desenvolvimento, com Brasil e nações africanas liderando o grupo do Sul
* O acordo de Kunming-Montreal, estabelecido em 2022, prevê um plano de proteção do planeta com 23 objetivos até 2030, incluindo a preservação de 30% das terras e oceanos
* A meta financeira estabelece 200 bilhões de dólares em gastos anuais para a natureza, com 30 bilhões devendo vir de países desenvolvidos até 2030
* Arnaud Gilles, do WWF França, demonstra preocupação sobre a possibilidade de acordo, citando fatores como o possível retorno de Donald Trump ao poder e negociações estagnadas sobre poluição com plásticos
* Brian O”Donnell, diretor da “Campaign for Nature”, mantém otimismo cauteloso, sugerindo que o fracasso em Cali serviu como alerta para reavaliação de posições
* A presidência colombiana propõe um processo de negociações para criar um novo instrumento financeiro de ajuda ao desenvolvimento até a COP17 em 2026
A COP16 registrou alguns avanços importantes em Cali, como a criação de um órgão permanente para representação dos povos indígenas na CDB e a aprovação do “Fundo Cali”, que visa compensação por parte de empresas que se beneficiam do sequenciamento genômico de recursos naturais de países em desenvolvimento.
A ministra francesa Agnès Pannier-Runacher defende o desenvolvimento de “créditos de biodiversidade” para mobilizar financiamento privado, enquanto países desenvolvidos, muitos enfrentando crises orçamentárias, resistem à criação de novos fundos internacionais.
O sucesso das negociações em Roma dependerá da formação de alianças entre países com visão construtiva, conforme destaca Juliette Landry, do centro de pesquisa IDDRI. O encontro representa uma oportunidade crucial para desbloquear o impasse e avançar na implementação das metas de proteção à biodiversidade global.