A possível retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris pelo presidente eleito Donald Trump representa uma séria ameaça aos esforços globais de combate às mudanças climáticas, conforme alerta do chefe de políticas climáticas da União Europeia. A equipe de transição de Trump já está preparando ordens executivas para retirar o país, segundo maior poluidor mundial, do principal tratado climático global.
O comissário climático da UE, Wopke Hoekstra, expressou sua preocupação em entrevista: “Se isso acontecer, será um duro golpe para a diplomacia climática internacional”. Hoekstra enfatizou que a saída dos EUA exigiria que outros países “reforçassem a diplomacia climática” em resposta.
O Acordo de Paris representa o elemento central das negociações climáticas da ONU, reunindo cerca de 200 países para discutir medidas de redução de emissões e seu financiamento. Os Estados Unidos têm sido fundamentais nestas negociações, especialmente na colaboração com a China, maior emissor mundial de poluentes.
Trump, que retorna à Casa Branca em 20 de janeiro, já demonstrou seu ceticismo em relação às mudanças climáticas, chamando-as de farsa durante seu primeiro mandato (2017-2021), quando também retirou os EUA do acordo. Recentemente, ele também pressionou a UE a aumentar suas compras de petróleo e gás dos EUA, sob ameaça de tarifas.
Apesar do cenário desafiador, Hoekstra afirmou que a UE manterá um “engajamento construtivo” com o novo governo americano. “Não há alternativa para garantir que, no final, todos participem, porque as mudanças climáticas são indiscriminadas”, destacou o comissário, acrescentando: “Esse é realmente um problema que o mundo precisa resolver em conjunto.”
A Comissão Europeia está buscando diálogo com líderes americanos em diversos níveis, incluindo autoridades locais. “Garantir que nossos amigos norte-americanos, na medida do possível, estejam realmente a bordo e trabalhando nisso junto conosco, é claramente algo pelo qual me esforçarei”, concluiu Hoekstra.