Jeane Lui, mulher trans de 32 anos conhecida carinhosamente como “Jeje Sucesso”, foi brutalmente assassinada na madrugada deste domingo (5 de janeiro) na Avenida Raja Gabaglia, bairro Luxemburgo, em Belo Horizonte. O crime ocorreu próximo à quadra da escola de samba Cidade Jardim, onde ela era figura essencial há quase uma década.
Alexandre Silva Costa, presidente da escola de samba Cidade Jardim, descreve Jeane com emoção: “Jeane começou perdendo na vida: preta, trans, favelada. Mas ela nunca deixou de sorrir e lutar. A vida não foi amável com ela, como ela foi com a vida.”
* Jeane iniciou oficialmente sua jornada na escola de samba em 2016, mas sua conexão com a agremiação já existia muito antes, sendo moradora do Morro do Papagaio
* Estava prestes a assumir a produção das fantasias da escola e liderar oficinas de corte e costura
* Planejava participar de um curso intensivo no Espírito Santo, com viagem marcada para terça-feira (7/1)
* Era conhecida por sua dedicação e disposição em ajudar, mesmo em tarefas que não eram de sua responsabilidade
* Uma discussão em um baile funk na noite anterior pode ter sido o motivo do assassinato
* Testemunhas relatam que Jeane foi abordada por dois suspeitos
* O atirador se aproximou com a arma em punho e disparou contra ela pelas costas
* A polícia encontrou mais de dez cápsulas de munição de grosso calibre próximo ao corpo
* Os suspeitos fugiram em uma motocicleta e ainda não foram localizados
A ausência de câmeras de segurança operantes na região dificulta a identificação dos suspeitos. O caso está sob investigação da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que analisa se o crime teve motivação transfóbica.
“Ela era o nosso “sucesso”. Uma pessoa que transformava qualquer ambiente em um lugar mais leve e divertido”, afirma Alexandre, que presenciou o momento do crime. “Foi uma coisa covarde. Ouvir os disparos e depois saber que foi com ela, foi devastador.”
O caso reforça a triste estatística da violência contra pessoas trans no Brasil. Minas Gerais ocupa a quinta posição no ranking de estados com mais registros de violência contra a população trans, segundo o último dossiê da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).