Minas Gerais tem 217 mil crianças sem acesso a creches públicas

Minas Gerais tem 217 mil crianças sem acesso a creches públicas

Apenas 86 dos 853 municípios mineiros oferecem alternativas para falta de vagas em creches públicas, deixando 217 mil crianças sem atendimento

Em Minas Gerais, aproximadamente 217 mil crianças de zero a três anos estão impossibilitadas de frequentar creches públicas municipais devido a problemas de acesso ao serviço, conforme dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O cenário é ainda mais preocupante quando se observa que apenas 10% das prefeituras mineiras disponibilizam auxílio-creche ou voucher educacional como alternativa.

O levantamento inédito revela que dos 853 municípios de Minas Gerais, somente 86 garantem acesso alternativo à educação infantil quando há falta de vagas na rede pública. A distribuição dessa assistência se apresenta da seguinte forma:

* Cinco municípios oferecem auxílio financeiro direto
* Três municípios disponibilizam bolsas de estudo
* Quarenta municípios fornecem vagas alternativas
* Quarenta e dois municípios indicaram “outros” tipos de auxílio, sem especificação

Em Belo Horizonte, a capital mineira, foram realizadas 80.430 matrículas na educação infantil em 2024, sendo 50.812 na rede própria e 29.618 em creches parceiras. A Secretaria Municipal de Educação informa que não há fila de espera oficial, pois o processo de matrícula ainda está em andamento. Atualmente, não existe previsão legal para oferta de auxílio-creche na capital.

O cenário estadual contrasta significativamente com outras regiões do país. O Amapá lidera o ranking nacional, com 68,8% dos seus municípios oferecendo programas de auxílio-creche. Em contrapartida, estados como Espírito Santo, Rondônia e Acre não apresentam alternativas semelhantes.

Segundo o advogado especialista em Direito Público, Bernardo Pessoa: “Os municípios são obrigados a fornecer para os seus cidadãos vagas em creche. Não havendo vaga, é muito comum esse tipo de questão ser judicializada e haver a imposição para o ente federado, para o município de custear uma creche particular ou dar um auxílio financeiro”.

A situação impacta especialmente as mulheres mineiras, principalmente as pretas e pardas, que dedicam em média 23 horas semanais aos cuidados domésticos e de terceiros, superando a média nacional. Minas Gerais ocupa a nona pior posição no país em relação ao tempo dedicado por mulheres ao trabalho não remunerado de cuidados domésticos.

O estado também apresenta dados preocupantes em relação a políticas públicas voltadas para a primeira infância: 89,8% dos municípios não possuem Plano Municipal de Primeira Infância, e 47% não contam com legislação específica sobre extensão da licença maternidade ou paternidade para servidores municipais.

A situação evidencia a necessidade de políticas públicas mais efetivas para garantir o acesso à educação infantil em Minas Gerais, especialmente considerando o impacto direto na vida das famílias e no desenvolvimento das crianças.

Mais notícias no N3 News

Participe do nosso canal no Whatsapp

Imagem N3 News
N3 News
O N3 News oferece notícias recentes e relevantes, mantendo os leitores atualizados em um mundo que está sempre em constante mudança. Mais do que um portal de notícias, temos como meta ser um parceiro confiável na busca pela informação precisa e imparcial.

RELACIONADAS