Marcílio Alves: ‘Marcas que Conversam, Conectam’

Marcílio Alves: ‘Marcas que Conversam, Conectam’

Vivemos em um tempo onde os consumidores não apenas desejam ser ouvidos, mas esperam ser compreendidos

Você já parou para pensar na diferença entre falar para alguém e falar com alguém? Essa nuance, aparentemente simples, é um divisor de águas no relacionamento entre marcas e consumidores. Quando uma marca escolhe apenas “falar para”, ela assume uma posição unidirecional, quase como um monólogo. Já quando opta por “falar com”, o que se cria é um diálogo, um espaço de troca que fortalece laços e constrói algo muito maior: confiança.

A Era do Consumidor Ativo

Vivemos em um tempo onde os consumidores não apenas desejam ser ouvidos, mas esperam ser compreendidos. Eles participam, opinam e, muitas vezes, se tornam co-criadores de conteúdo e até mesmo de produtos. Na minha experiência, trabalhar com marcas que se colocam no lugar de seus públicos é essencial para estabelecer conexões reais e duradouras.

Imagine o impacto de uma marca que não só responde, mas antecipa as necessidades de seus clientes, seja por meio de uma interação nas redes sociais ou no desenvolvimento de um produto alinhado às demandas de uma comunidade específica. Estamos falando de um relacionamento onde o consumidor deixa de ser apenas um receptor passivo e passa a ser um parceiro ativo na construção da marca.

Do Monólogo ao Diálogo

Marcas que falam para os consumidores adotam a comunicação impositiva, aquela que grita: “Compre!”, “Veja!”, “Siga!”. Já as que falam com os consumidores investem em uma conversa baseada em interesse genuíno, muitas vezes começando com uma pergunta simples: “Como podemos te ajudar?”.

Alguns exemplos dessa abordagem estão nas redes sociais. A Netflix, não só divulga seus conteúdos, mas engaja seu público com humor, memes e referências que dialogam diretamente com o cotidiano das pessoas, um link entre o conteúdo da plataforma e a vida real. A Nike, transforma histórias reais de superação em campanhas que inspiram e conectam emocionalmente, a Lego investe em comunidades e embaixadores de marca ao redor do mundo para desenvolver novos produtos baseado no real interesse dos fãs da marca.

Na minha visão, essa transição de monólogo para diálogo é o que separa marcas que vendem de marcas que criam significado.

Empatia: A Chave para a Conexão

Para falar com os consumidores, é imprescindível ter empatia: ouvir ativamente, entender o contexto e entregar valor. Quando as marcas assumem esse papel, elas saem do campo da transação e entram no território da transformação.

Um bom exemplo disso está em marcas que apoiam causas autênticas, sem cair na armadilha do oportunismo. Como defensor de ações que respeitem a identidade da marca, acredito que iniciativas genuínas podem transformar campanhas em diálogos inspiradores. Uma ação social, cultural ou esportiva, bem estruturada, não apenas comunica valores; ela também os vive. No livro best-seller de minha co-autoria, “Encontre Sua Marca” eu apresento caminhos para as marcas iniciarem esta jornada de contribuição, atuando fora do viés comercial, realizando uma espécie de devolutiva para as comunidades onde estão inseridas.

Conversas que geram Indicadores para o seu negócio:

Essa comunicação com exige ativa e constante, pode ainda gerar muitos insights e resultados para o seu negócio. É aqui que entram ferramentas como o NPS (Net Promoter Score) e as pesquisas qualitativas, que ajudam a captar a percepção dos consumidores e permitem ajustes rápidos. Nos meus projetos de branding, percebi que marcas que levam a sério o que seus consumidores têm a dizer conseguem não apenas corrigir erros, mas também criar oportunidades de inovação. Porém, mais do que medir números, é preciso interpretar histórias. Quando você ouve com intenção de agir, o consumidor sente, valoriza e retribui.

Comunidades de Marca e o poder do pertencimento

Uma conversa verdadeira cria um senso de pertencimento. O consumidor deixa de ser visto apenas como alguém que compra e passa a se sentir parte de algo maior. E, como já observei em comunidades engajadas, um consumidor inspirado inspira outros, formando um ciclo de conexões que fortalecem a marca, como acontece no transporte rodoviário de passageiros com as comunidades chamadas de “busólogos”, verdadeiros entusiastas que se tornam embaixadores das marcas deste setor, não apenas promovendo mas cobrando melhorias.

Esse é o futuro que as marcas devem almejar: um futuro onde o diálogo não seja exceção, mas regra; onde o consumidor não seja um número, mas um aliado; e onde a comunicação não seja apenas uma estratégia, mas um compromisso.

E você, como está se comunicando?

Sua marca está falando “para” ou “com” seus consumidores? Lembre-se, no mercado de hoje, não basta ser ouvido; é preciso ser compreendido e, acima de tudo, relevante. Afinal, o futuro das marcas está em sua capacidade de transformar monólogos em diálogos e consumidores em verdadeiros parceiros.

Vamos refletir?
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Marcilio Alves perfil
Marcilio Alves
Consultor de marketing e comunicação com mais de 20 anos de experiência em gerenciamento de marcas, com atuação em negócios locais e no exterior. No Brasil, está à frente da NDG, agência de Branding que há mais de 15 anos impulsiona negócios e projetos, conectando marcas e pessoas, gerando resultados em diversos segmentos, com clientes no Brasil, Portugal, Angola e Estados Unidos.

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