O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, revelou nesta quarta-feira (8) que as discussões sobre sua possível saída do cargo foram temporariamente adiadas, deixando a decisão final nas mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ministro já havia manifestado ao presidente sua intenção de deixar o governo, alegando questões de saúde e pressões familiares.
Durante a cerimônia que marcou os dois anos dos atos de 8 de Janeiro no Palácio do Planalto, José Múcio comentou sobre sua situação no ministério. “Só quem sabe é o presidente. Eu quero sair por essa porta, tem que estabelecer prioridades”, afirmou o ministro, referindo-se à entrada do Palácio do Planalto.
Quando questionado especificamente sobre a conversa com Lula referente à sua saída, Múcio foi sucinto: “Já conversamos um pouquinho. Vamos ver. Ficou para depois. Tá com ele o assunto”. O ministro também confirmou a pressão familiar para seu afastamento do cargo, declarando: “Eles me querem mais em casa. Toda família quer sempre a gente mais em casa. É natural.”
A permanência de José Múcio no cargo tem sido uma aposta pessoal do presidente Lula desde o início do governo, mesmo enfrentando resistências dentro do PT. Sua presença é vista como fundamental para manter uma relação equilibrada com as Forças Armadas, especialmente em um momento de investigações sobre uma possível trama golpista.
A relação entre Lula e José Múcio tem raízes profundas, remontando ao segundo mandato do presidente, quando Múcio ocupou o cargo de ministro da Secretaria de Relações Institucionais, antes de ser indicado para uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU).
Segundo fontes próximas ao governo, encontrar um substituto para José Múcio não será tarefa fácil, principalmente considerando sua capacidade de pacificar as relações com os militares. Como revelado por um ministro petista em condição de anonimato: “Múcio consegue pacificar a relação com os militares. Não é fácil achar um sucessor para ele”.
A decisão sobre a permanência do ministro permanece em aberto, aguardando novas conversas com o presidente Lula, que tem demonstrado interesse em manter Múcio no cargo, especialmente devido à sua habilidade em manter um diálogo construtivo com a cúpula militar.