O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação brasileira, encerrou 2024 com alta de 4,83%, superando o teto da meta estabelecida em 4,5%, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Este resultado, que sucede a variação de 4,62% registrada em 2023, ficou praticamente alinhado com as projeções do mercado financeiro, que previam 4,84%. O descumprimento da meta inflacionária exigirá que o novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, redija uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando os motivos do resultado.
* O índice mensal de dezembro registrou aceleração para 0,52%, comparado a 0,39% em novembro, aproximando-se da expectativa do mercado de 0,53%
* A alta dos preços dos alimentos foi um dos principais fatores que pressionaram a inflação, influenciada por problemas climáticos que afetaram a oferta de produtos
* A valorização do dólar contribuiu para o cenário inflacionário, estimulando exportações e impactando a oferta interna de produtos como carnes
* O aquecimento do mercado de trabalho também exerceu pressão sobre os preços, através do aumento da demanda
Para 2025, as projeções do mercado indicam uma inflação de 4,99%, conforme o boletim Focus do Banco Central. O centro da meta permanece em 3%, com intervalo de tolerância entre 1,5% e 4,5%, mas com uma mudança significativa: a meta passa a ser perseguida de forma contínua, abandonando o modelo de ano-calendário.
A política monetária responde a este cenário com a taxa Selic em 12,25% ao ano, buscando conter a pressão inflacionária. Analistas projetam que a taxa básica de juros possa atingir 15% até o final de 2025, uma medida que, embora vise controlar a inflação, pode impactar o ritmo da atividade econômica.
O resultado de 2024 marca a oitava vez desde 1999, quando o sistema de metas foi adotado, que será necessário explicar o descumprimento do objetivo inflacionário através de carta formal.