Esta coluna tem como objetivo ser um espaço no qual poderemos refletir e pensar sobre as questões que mais dialogam com nossas inquietudes emocionais, psíquicas e sociais.
Pensei em trazer a questão da maturidade, que vai chegando devagarzinho e ocupando um espaço que às vezes nem percebemos, e quando nos damos conta está instalada em nossa vida. Ela chega e nos atravessa de diversas maneiras: por meio de várias mudanças. Algumas sutis, outras nem tanto e de repente maturamos?
Será que existe isto?
São as mudanças físicas, nossos hormônios, nosso corpo um pouco diferente, o número tão grande de um aniversário e sobretudo pelo ‘não olhar’ que o mundo vai deixando de nos olhar. Muitas vezes não estamos preparados para pensar e sentir que nossos filhos cresceram e já alçam seus próprios voos e o quanto somos afetados por este não lugar.
Percebemos o quanto isto pode nos afetar. Podemos pensar na tal sentida crise do “ninho vazio”, outrora denominada dessa forma para simbolizar o momento da saída dos filhos e sensação dos pais com sua função diminuída ou modificada. Ao mesmo tempo que percebemos que nossos pais envelheceram (ou morreram), e se estão vivos, precisam de muitos cuidados.
Estas vivências na qual o tempo passa a ser modificado emocionalmente, seja na partida dos filhos para uma nova vida, assim como a nossa necessidade de aceitarmos o envelhecimento, nos leva a uma revisão de nossa vida. E isto é sempre um movimento profundo é importante que exige coragem.
Ao mesmo tempo que olhamos e vemos que ainda temos um universo de possibilidades, se soubermos entender que não precisamos ser o modelo que a nossa sociedade exige que sejamos: perfeitos, atléticos, invencíveis. Talvez uma olhada mais verdadeira nos permite ver o que realmente podemos buscar nestas transformações que a maturidade nos oferece
Ainda podemos desejar e ter sonhos de mudanças para uma outra/nova vida. Não cinematográfica, mas real. Ainda e sempre podemos sonhar!
Perceber que esta fase da vida também pode ser uma jornada de liberdade de novas conquistas ligadas a sabermos que somos mais livres. E desta maneira ficamos menos dependentes do olhar da sociedade que nos “coloniza” dentro de um modelo ideal e inatingível.