Em sua apresentação oficial como técnico do Atlético nesta segunda-feira (13), na Cidade do Galo, Cuca decidiu abordar espontaneamente o caso de assédio sexual a uma menor de idade, ocorrido em 1989 na Suíça, quando ainda era jogador de futebol.
Antes mesmo das perguntas dos jornalistas, o treinador iniciou a coletiva tratando do assunto: “Quero começar falando sobre o caso da Suíça. Quando, na minha apresentação lá no Athlético-PR, li aquela carta, me prontifiquei a ser uma pessoa melhor, um homem melhor. Tenho aprendido muito. Tenho entendido muita coisa que não entendia como ser humano”.
* O treinador reconheceu uma mudança em sua perspectiva: “Hoje eu consigo ver os meus defeitos. Consigo entender que eu tentava falar do Cuca e não era isso que a sociedade queria. Queria que eu falasse da causa, do tema”.
* Cuca relatou suas ações práticas através do Instituto Cuca, em Curitiba: “Tenho participado de palestras onde a gente conseguiu reunir meninos e meninas do Atlético, do Curitiba, do Paraná Clube, onde a gente conseguiu colocar meninos e meninas para conversar sobre o tema abertamente”.
* O técnico manifestou interesse em expandir essas iniciativas: “Essas coisas eu prometi e tenho feito, dentro do possível, com ações no meu instituto e quero repetir aqui no Atlético, que tem o Instituto Galo também”.
O caso mencionado ocorreu em 1987, durante uma excursão do Grêmio pela Europa. Cuca e outros três jogadores foram detidos sob a acusação de terem tido relações sexuais sem consentimento com uma garota de 13 anos em Berna, Suíça.
Em 1989, Cuca e dois outros jogadores foram condenados a 15 meses de prisão por atentado ao pudor com uso de violência. Como o Brasil não extradita seus cidadãos, a pena nunca foi cumprida.
Recentemente, em janeiro de 2024, a Justiça da Suíça anulou a sentença de 1989. A defesa de Cuca havia solicitado a revisão do caso argumentando que ele não contou com representação legal na época e foi julgado à revelia. O Ministério Público suíço, alegando prescrição do crime, sugeriu a anulação da pena e o encerramento do processo, o que foi acatado pela Justiça.
Durante a apresentação, Cuca também refletiu sobre o machismo no futebol: “A gente vive em um mundo machista. O futebol ainda é um mundo machista. Mas já foi pior. Muito pior. Eu vi o quanto evoluiu o futebol feminino, coisa que eu não via antes. Vi o quanto as meninas tem que lutar mais que a gente”.