O mercado de commodities agrícolas brasileiro deve apresentar comportamentos distintos ao longo de 2025, conforme apontam especialistas do setor. A perspectiva é marcada por uma supersafra estimada em 322,42 milhões de toneladas, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Para os principais grãos, como soja e milho, a tendência é de queda nos preços domésticos, embora menos acentuada que nos anos anteriores. Gabriela Faria, analista da Tendências Consultoria, explica: “Os números mostram a tendência de uma safra recorde para a soja com a demanda continuando no mesmo nível, enquanto para o milho, considerando um período ideal de plantio, o Brasil também deve ter uma boa safra. A oferta forte e a demanda estável fazem com que os preços caíam”.
* A desaceleração da economia chinesa, maior importadora de grãos brasileiros, pode impactar o consumo
* Estoques mundiais elevados e safra recorde dos Estados Unidos pressionam ainda mais os preços
* O milho deve apresentar queda menos expressiva que a soja, devido à demanda local aquecida
* Fatores como câmbio e possíveis conflitos comerciais entre EUA e China podem influenciar as cotações
* Preços da carne bovina devem subir mais de dois dígitos
* Retenção de fêmeas deve ganhar força, impactando oferta
* Carnes de frango e suína podem se beneficiar do aumento do preço da carne bovina
* Demanda interna e externa aquecida contribui para alta dos preços
* Açúcar mantém preços firmes devido à oferta restrita
* Café apresenta tendência de alta por bienalidade negativa e efeitos climáticos adversos
* Suco de laranja deve manter preços firmes após impactos da seca
* Algodão apresenta perspectiva de estabilidade nas cotações
José Carlos Hausknecht, da MB Agro, destaca que não há expectativa de baixa generalizada dos preços, mas também não existem sinais claros para alta significativa. O cenário é influenciado por múltiplos fatores, incluindo o comportamento do dólar, que afeta diretamente a competitividade das exportações brasileiras.
César de Castro Alves, do Itaú BBA, ressalta que o mercado de café pode atingir novos recordes de preços no curto e médio prazo, com déficit global podendo chegar a 6 milhões de sacas, situação semelhante à observada com o cacau em 2024.
O panorama geral indica um ano de contrastes no mercado de commodities agrícolas, com movimentos distintos entre os diferentes segmentos, influenciados por fatores climáticos, econômicos e geopolíticos.