A Polícia Federal estabeleceu uma conexão direta entre o plano de golpe atribuído ao ex-presidente Bolsonaro e as operações controversas da Polícia Rodoviária Federal durante o segundo turno das eleições de 2022. A revelação consta no relatório final do inquérito que resultou no indiciamento do ex-ministro da Justiça Anderson Torres e do ex-diretor da PRF Silvinei Vasques.
O documento, encaminhado ao Supremo Tribunal Federal em dezembro, detalha uma possível operação coordenada para interferir no processo eleitoral, especialmente na região Nordeste, onde o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva mantinha forte apoio popular.
* O relatório indica pressões exercidas por Anderson Torres para intensificar o policiamento no dia do segundo turno, com foco especial na Bahia, estado com expressiva votação pró-Lula
* A PF identificou uma “atuação orquestrada deliberada pelo ministro da Justiça”, utilizando recursos do Ministério da Justiça, da Polícia Federal e da PRF para criar obstáculos aos eleitores do Nordeste
* As investigações apontam que estas ações podem constituir mais um núcleo criminoso do plano de golpe, visando a “alteração criminosa do resultado das eleições presidenciais”
* Foi encontrada na residência de Torres uma minuta golpista que sugeria alterações no resultado das eleições, reforçando sua suposta participação no esquema
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, está analisando o material em conjunto com as investigações do plano de golpe. As evidências sugerem que as operações da PRF podem ter sido parte de uma estratégia mais ampla para desestabilizar o processo democrático.
A defesa de Anderson Torres informou que não comentará as acusações por não ter acesso ao relatório final. Silvinei Vasques, por meio de seus advogados, também se absteve de comentários, alegando desconhecimento dos fatos relacionados ao outro inquérito. A defesa de Bolsonaro não se manifestou sobre o caso.
O ministro Alexandre de Moraes, ao encaminhar o material para a PGR, destacou a possível existência desse vínculo entre as operações da PRF e o plano golpista. Caberá agora ao procurador-geral decidir se as acusações serão tratadas em uma única denúncia ou em processos separados.