O Banco Central do Brasil registrou mais um descumprimento da meta de inflação, marcando a oitava vez desde 1999. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) fechou 2024 em 4,83%, ultrapassando o teto estabelecido de 4,50%.
Roberto Campos Neto, que comandou o BC até recentemente, tornou-se o presidente com mais descumprimentos da meta inflacionária na história do regime. Durante sua gestão, iniciada em 2019, o índice superou a meta em três ocasiões:
* Em 2021, quando a inflação atingiu 10,06%, registrando a terceira maior taxa desde o Plano Real
* Em 2022, com IPCA fechando em 5,79%
* Em 2024, com o índice em 4,83%, acima do teto estabelecido
Gabriel Galípolo, novo presidente do BC há apenas dez dias, terá a responsabilidade de escrever uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando o descumprimento da meta. Esta situação é similar à ocorrida com Henrique Meirelles em 2003, quando teve que justificar o descumprimento da meta de 2002, durante a gestão de Armínio Fraga.
O descumprimento da meta em 2024 já era previsto pelo mercado financeiro e pelo próprio BC. O relatório Focus indicava, desde outubro, que o IPCA superaria os 4,50%, com a última previsão apontando para 4,89%.
Este marca o fim do regime original de metas de inflação, adotado em 1999. A partir de 2025, entra em vigor um novo sistema de meta contínua, com centro de 3%, baseado na inflação acumulada em 12 meses. O intervalo de tolerância será entre 1,5% e 4,5%.
Especialistas apontam que o descumprimento em 2024 foi influenciado por eventos climáticos extremos, valorização significativa do dólar (mais de 27% frente ao real) e robustez da atividade econômica. O BC respondeu a esses desafios com ajustes na taxa Selic, que chegou a 12,25% em dezembro, após ter sido reduzida a 10,50% em maio.