A busca por atalhos e resultados rápidos é uma característica natural do cérebro humano, fundamentada em aspectos biológicos relacionados à economia de energia. Esta tendência, amplificada pela tecnologia e pelo ritmo acelerado da vida moderna, tem levado muitas pessoas a procurarem caminhos mais curtos para atingir seus objetivos, mesmo que nem sempre sejam os mais adequados.
O psiquiatra Bruno Brandão Carreira explica que o cérebro, apesar de representar apenas 2% do peso corporal, consome cerca de 20% de toda energia do corpo. “Nosso cérebro consome aproximadamente 20% de toda a nossa energia corporal – mesmo que represente 2% de nosso peso corporal. Os processos cognitivos gastam um aporte energético muito grande. A gente foi programado para automatizar esse processo, tomando atalhos que vão reduzir essa carga e, obviamente, reduzir esforço”, afirma o especialista.
* O cérebro libera dopamina quando conseguimos realizar algo com menor esforço, reforçando esse comportamento de busca por atalhos
* Durante a evolução, essa busca por recompensas rápidas foi modulada pelo sistema dopaminérgico
* O córtex cingulado anterior monitora o “custo” energético das atividades, gerando desconforto quando percebe tarefas como demoradas ou difíceis
* As redes sociais intensificam o imediatismo ao mostrar apenas resultados finais, como corpos perfeitos e conquistas materiais
* A sobrecarga cognitiva, conhecida como “entropia cognitiva”, sobrecarrega o córtex pré-frontal
* A comparação social disfarçada nas redes pode criar expectativas irreais
O psiquiatra alerta que o imediatismo crônico é um dos principais problemas do século atual, podendo resultar em ansiedade e estresse. “A busca constante por resultados rápidos gera frustração quando esses objetivos não são alcançados imediatamente. Grandes conquistas nas nossas vidas demandam esforço. A pessoa que não consegue trabalhar isso dificilmente terá grandes conquistas”, ressalta.
Para lidar com essa tendência natural aos atalhos, Carreira sugere estabelecer metas claras e realistas. “Se eu colocar lá que quero perder 30 kg em um mês, é uma meta clara, mas não realista. Mas, se eu colocar que quero perder 2 kg por mês, é um objetivo mensurável. Além disso, posso colocar um prazo progressivo, favorecendo o nosso sistema de recompensas”, orienta o especialista.
A conclusão é que, embora a busca por atalhos seja uma tendência natural do cérebro humano, é importante encontrar um equilíbrio entre a eficiência e o desenvolvimento saudável de habilidades e conquistas.