Dois anos após a revelação do escândalo financeiro da Americanas, que expôs um rombo de mais de R$ 25 bilhões nas contas da empresa, nenhum responsável foi efetivamente punido pela Justiça brasileira, Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ou B3.
O caso, que veio à tona em 11 de janeiro de 2023, resultou apenas em indiciamentos de executivos como pessoas físicas, sem condenações definitivas até o momento.
* Miguel Gutierrez, ex-presidente da Americanas, chegou a ser preso na Espanha, mas hoje responde ao processo em liberdade após habeas corpus concedido pelo TRF02.
* Anna Saicali, ex-presidente da B2W, retornou de Portugal ao Rio de Janeiro, teve seu passaporte retido e está proibida de deixar o país.
* José Timotheo de Barros, Márcio Cruz Meirelles e outros 11 diretores também respondem a processos na Justiça.
“Realmente, ninguém foi para cadeia e não existe denúncia criminal. Ou seja, temos apenas um inquérito. Aquelas prisões que aconteceram foram todas dentro de um inquérito policial, que é o início de um possível processo na Justiça”, afirma Eduardo Silva, presidente do Instituto Empresa.
A rede, que possuía 1,8 mil lojas na época da fraude, hoje opera com 1,6 mil unidades, focando em produtos de menor valor. O volume bruto de vendas (GMV) apresentou queda de 54% em comparação com os números revisados do período da fraude.
A empresa conseguiu aprovar seu plano de recuperação judicial em 2023, reduzindo sua dívida de R$ 42 bilhões para R$ 1,7 bilhão, após acordos com bancos e fornecedores. Os sócios majoritários – Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles – realizaram um aporte de R$ 12 bilhões.
O Ministério Público Federal e a Polícia Federal mantêm dois inquéritos em andamento: um sobre manipulação de mercado e outro sobre insider trading. Em nota, a Americanas afirmou que é a “maior interessada no esclarecimento dos fatos e na responsabilização civil e criminal de todos os envolvidos.”
Na CVM, existem atualmente dois Inquéritos Administrativos, um Processo Administrativo Sancionador e dez Processos Administrativos em análise. Enquanto isso, cerca de 500 investidores minoritários buscam indenização de R$ 32 bilhões por perdas com as ações, que perderam 99% do valor desde a descoberta do rombo.