Davi Alcolumbre (União-AP) emerge como nome de consenso para presidir o Senado Federal a partir de fevereiro de 2024, consolidando amplo apoio entre diferentes partidos e praticamente inibindo possíveis adversários na disputa. No entanto, o cenário que o aguarda apresenta desafios significativos em sua segunda gestão à frente da Casa.
O senador, que já ocupou a presidência entre 2019 e 2021, enfrentará duas questões principais em seu provável novo mandato: a crescente polarização entre PT e PL, e a complexa gestão das emendas parlamentares em meio a investigações e tensões com o Supremo Tribunal Federal (STF).
* Como um dos principais articuladores do antigo orçamento secreto, posteriormente derrubado pelo STF em dezembro de 2022, Alcolumbre precisará trabalhar em conjunto com o próximo presidente da Câmara para manter a influência do Congresso sobre as verbas públicas
* A situação torna-se ainda mais delicada devido às investigações da Polícia Federal sobre esquemas de lavagem de dinheiro e corrupção envolvendo o pagamento de emendas, com investigados ligados à cúpula do União Brasil
* O parlamentar terá que administrar a relação entre os Poderes, especialmente considerando seu histórico com o STF, onde já foi alvo de dois inquéritos posteriormente arquivados
* Na presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), cargo que ocupou por quatro anos, Alcolumbre já demonstrava seu perfil conciliador, declarando: “Tentei mais agradar do que desagradar, mas muitas vezes não conseguimos fazer tudo o que desejamos”
* Sua habilidade política é evidenciada pelo apoio simultâneo que recebe de PT e PL, partidos tradicionalmente antagônicos. Após ter sido aliado de Bolsonaro, aproximou-se do governo Lula nos últimos dois anos
* Mantém relação próxima com o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), que o descreve como “bonachão” e “brincalhão”, recordando os tempos em que suas famílias tinham estabelecimentos comerciais próximos em Macapá
Um dos principais desafios de Alcolumbre será recuperar o protagonismo do Senado em relação à Câmara, questão que incomoda diversos senadores. Sua articulação com o provável presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), será fundamental, especialmente considerando possíveis embates sobre o ritmo de condução dos trabalhos legislativos.