O debate sobre o uso de terapias alternativas no tratamento do câncer tem ganhado destaque após diversas personalidades afirmarem que conseguiram remissão da doença através de métodos não convencionais. No entanto, organizações especializadas em câncer são enfáticas ao afirmar que não existem evidências médicas que comprovem a eficácia dessas terapias alternativas no tratamento ou cura da doença.
Casos recentes têm chamado atenção nas redes sociais:
* O ex-jogador de críquete indiano Navjot Singh Sidhu declarou que sua esposa se curou do câncer através do consumo de alimentos específicos, como água com limão, cúrcuma e vinagre de maçã. Em resposta, mais de 200 especialistas indianos publicaram uma declaração conjunta alertando sobre a falta de evidências científicas.
* A modelo australiana Elle Macpherson revelou ter optado por uma “técnica holística e intuitiva” em vez da quimioterapia após seu diagnóstico de câncer de mama.
Os especialistas reconhecem que terapias complementares como acupuntura, ioga e meditação podem ser benéficas quando utilizadas em conjunto com tratamentos convencionais, auxiliando no bem-estar e alívio das dores. Porém, alertam contra o uso de terapias alternativas em substituição ao tratamento médico tradicional.
Um estudo publicado na revista JAMA Oncology em 2018 demonstrou que pacientes que optam por terapias alternativas têm menor chance de sobrevivência. Mesmo assim, uma pesquisa da Sociedade Americana de Oncologia Clínica indica que cerca de 40% dos adultos nos Estados Unidos acreditam na cura do câncer apenas com terapias alternativas.
A cirurgiã oncológica britânica Liz O”Riordan explica que “o câncer causa medo” e que as pessoas buscam esperança e certeza de cura, algo que a medicina convencional não pode prometer. Ela alerta que “quando as pessoas escolhem apenas as terapias alternativas, a probabilidade de morrer é duas vezes e meia maior.”
A situação é ainda mais complexa em regiões como África, leste asiático e Índia, onde sistemas tradicionais de cura estão profundamente arraigados na cultura local. Embora algumas práticas da medicina tradicional chinesa e do ayurveda possam ter benefícios para certas condições, não há evidências substanciais de sua eficácia contra o câncer.
O presidente do Instituto Max de Tratamento do Câncer na Índia, Harit Chaturvedi, enfatiza que o câncer “não é uma doença que seja tratada com uma única fórmula mágica” e que os tratamentos modernos são específicos para cada caso, considerando diversos fatores individuais.
Os médicos reforçam que, embora terapias complementares possam auxiliar no processo de tratamento, elas não devem substituir as terapias convencionais comprovadas cientificamente. A recomendação é que pacientes sempre consultem seus oncologistas antes de adotar qualquer terapia alternativa.