Divisões internas no PL também marcaram a eleição da Mesa Diretora da Assembleia
Sem interferência direta do governador Romeu Zema (Novo), Tadeu Martins Leite (MDB) foi reeleito nesta quarta-feira (4 de dezembro) para presidir a Assembleia Legislativa de Minas Gerais no próximo biênio. O emedebista foi o único candidato ao cargo, contando com o apoio do governo estadual, que optou por não lançar um nome próprio para evitar riscos de derrota.
Conhecido como Tadeuzinho, o presidente da Casa mantém uma postura independente em relação ao governo, o que ficou evidente desde sua primeira eleição em 2023. Naquela ocasião, a escolha contrariou o desejo de Zema, que apoiava Roberto Andrade (PRD), e uniu oposição e base governista em torno do emedebista.
Embora tenha tido uma relação mais tranquila com o governador nos últimos dois anos, Tadeuzinho não é considerado um aliado direto. Ele já confrontou a gestão Zema em temas relevantes, como a renegociação da dívida pública estadual com a União. Em 2023, foi ele quem provocou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), a intervir nas tratativas.
Mesmo com uma base aliada oficialmente composta por 57 dos 77 deputados estaduais, o governo enfrenta dificuldades para aprovar projetos, sobretudo aqueles relacionados às privatizações. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que elimina a necessidade de referendo popular para a venda de estatais está travada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) há meses. Já os projetos que tratam da Cemig e da Copasa, apresentados recentemente, devem enfrentar resistência semelhante.
A base de apoio do governo é dividida: de um lado, um grupo mais fiel com 33 deputados; do outro, uma ala de 24 parlamentares de nove partidos diferentes, que frequentemente demonstra independência.
Apesar da reeleição unânime de Tadeu Martins Leite, a disputa pela 1ª Secretaria da Casa expôs fissuras no PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. A vaga foi palco de um embate interno entre Antônio Carlos Arantes e Gustavo Santana, ambos do PL.
Atual ocupante do cargo, Arantes retirou sua candidatura após seis dos 11 deputados da bancada manifestarem apoio a Santana, em uma manobra que contou com a articulação de Bruno Engler, outro nome de destaque do partido. Engler, que foi derrotado no segundo turno das eleições estaduais, deve assumir a liderança da bancada no próximo ano, enquanto Arantes ficou sem espaço na nova configuração.
Após a vitória, Gustavo Santana minimizou o racha e afirmou que a escolha representou a vontade da maioria.
— Não houve atrito. Foi uma decisão da bancada que indicou meu nome e pediu que eu aceitasse o desafio. O posto de líder será definido no próximo ano — declarou Santana.
A Mesa Diretora manteve os demais cargos inalterados: Leninha (PT) segue como 1ª vice-presidente; Duarte Bechir (PSD), como 2º vice; Betinho Pinto Coelho (PV), como 3º vice; Alencar da Silveira Jr. (PDT), como 2º secretário; e João Vitor Xavier (Cidadania), como 3º secretário.