Michel Barnier, primeiro-ministro da França, dirigiu-se ao palácio presidencial do Eliseu na manhã desta quinta-feira (5) para entregar sua carta de renúncia ao presidente Emmanuel Macron. A renúncia ocorre após a aprovação de uma moção de censura pelo Parlamento francês, em uma aliança sem precedentes entre a esquerda e a extrema direita.
O governo de Barnier, que durou menos de 100 dias, tornou-se o mais curto da Quinta República francesa, estabelecida em 1958. A moção de censura foi aprovada por 331 dos 574 deputados, superando significativamente o mínimo necessário de 288 votos.
* Michel Barnier foi indicado por Macron há apenas três meses, após as eleições parlamentares de junho, nas quais o bloco da esquerda saiu vitorioso, mas sem maioria suficiente para formar governo
* A escolha de Barnier, um político de centro-direita que não participou das eleições, gerou protestos e uma inédita aproximação entre a esquerda e a extrema direita
* A crise se intensificou com a rejeição da proposta de Orçamento apresentada por Barnier, que previa redução do gasto público e aumento temporário dos impostos para grandes empresas
* A situação econômica da França também contribuiu para a instabilidade, com o prêmio de risco da dívida francesa aproximando-se dos níveis da Grécia
Fontes do governo francês, citadas pela Reuters, indicam que Macron deve indicar um novo nome para o cargo ainda neste fim de semana, mesmo sob risco de enfrentar mais protestos e desgaste político.
A queda de Barnier marca a primeira vez em mais de 60 anos que o Legislativo francês derruba um chefe de governo através de moção de censura. O último caso similar ocorreu em 1962, durante a administração de Georges Pompidou, quando Charles de Gaulle era presidente.
Marine Le Pen, líder do partido de extrema direita Reagrupamento Nacional (RN), criticou a gestão de Barnier nas redes sociais: “Ao incluir seu orçamento na desastrosa continuidade de Emmanuel Macron, o primeiro-ministro só poderia fracassar”.
A situação política na França permanece instável, com o Parlamento dividido em três blocos principais: esquerda, centro-direita e extrema direita. A decisão de Macron sobre o próximo primeiro-ministro será crucial para o futuro político do país, especialmente considerando as eleições presidenciais de 2027, quando Macron não poderá concorrer à reeleição.