O mercado brasileiro experimenta uma verdadeira invasão do pistache, com as importações registrando um aumento expressivo de 80% até novembro de 2024, em comparação com 2023. Das mais de mil toneladas importadas, 85% são provenientes dos Estados Unidos, que vem batendo recordes consecutivos de produção.
Embora o pistache seja mencionado desde o Velho Testamento como um “dos melhores produtos da terra”, sua presença massiva nas vitrines brasileiras é um fenômeno recente, transformando o cenário de docerias, sorveterias e padarias pelo país.
* A Califórnia se tornou o principal polo produtor mundial, superando países tradicionalmente ligados ao cultivo como Irã e Turquia
* Os EUA representam atualmente mais de 60% da produção global
* O pistache se tornou a sexta maior commodity agrícola da Califórnia, ultrapassando culturas tradicionais como morangos e tomates
* O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) desenvolve desde 2020 atividades promocionais no Brasil
* A campanha inclui participação em feiras internacionais, parcerias com chefs renomados e projetos com mais de 40 influenciadores do setor gastronômico
* José Eduardo Camargo, presidente da ABNC, observa: “Não sei dizer o quanto desse boom do pistache vem do marketing e o quanto é um movimento natural por ser saboroso e de qualidade”
O sucesso do pistache também se reflete no varejo brasileiro. Na rede Bacio di Latte, uma das maiores sorveterias do país, o sabor é o mais vendido desde 2011. “Só que nos últimos três anos a gente sentiu aí o nosso volume de pistache praticamente quadruplicar”, afirma Fábio Medeiros, diretor de marketing da empresa.
A expansão do pistache americano deve continuar nos próximos anos. Segundo análises do Rabobank, a produção deve atingir seu pico em 2028, quando se estabilizará. Os produtores americanos trabalham para manter a demanda à frente da oferta, evitando quedas bruscas de preço como ocorreu com as amêndoas.
O crescimento do consumo de pistache no Brasil faz parte de uma tendência maior de diversificação no mercado de nozes e castanhas. Como observa Camargo: “O brasileiro não lembra mais desses produtos apenas no Natal. Eles estão entrando na dieta porque são saborosos, nutritivos e práticos”.