A ONU divulgou um alarmante relatório nesta segunda-feira (9) durante a COP16 na Arábia Saudita, revelando que mais de 75% da superfície terrestre passou por um processo de aridez nas últimas três décadas. O documento, intitulado “The Global Threat of Land Desiccation”, indica que as áreas áridas já ocupam aproximadamente 40% da superfície da Terra, excluindo a Antártica.
O estudo, conduzido pela Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD), apresenta dados preocupantes sobre a transformação climática global e seus impactos potenciais na humanidade. Entre 1990 e 2020, uma área equivalente a 4,3 milhões de km² de terras úmidas foi convertida em áreas secas.
“Uma área global combinada equivalente à metade do tamanho da Austrália mudou de terras úmidas para terras secas, com menos chuvas para plantações, pastagens, natureza e pessoas”, alertaram os especialistas no relatório.
Ibrahim Thiaw, secretário executivo da UNCCD, enfatizou que este fenômeno se diferencia de uma seca comum por seu caráter permanente. “Pela primeira vez, a crise da aridez foi documentada com clareza científica, revelando uma ameaça existencial que afeta bilhões de pessoas em todo o mundo”, destacaram os autores.
O relatório identificou diversas regiões críticas afetadas por este processo, incluindo:
* O oeste dos Estados Unidos
* A Península de Yucatán
* O nordeste do Brasil
* O noroeste da Argentina
* Toda a região do Mediterrâneo
* O norte do Mar Negro
* O Sahel
* O nordeste da África do Sul
* A área de fronteira entre a Rússia e o Cazaquistão
* Grande parte da Mongólia e do nordeste da China
* O sudeste da Austrália
As projeções indicam que até 2100, aproximadamente 5 bilhões de pessoas poderão ser afetadas por essa transformação climática, que tem o potencial de redefinir significativamente o modo de vida da humanidade.