O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) denunciou o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (sem partido) e a ex-secretária municipal de Assuntos Institucionais e Comunicação, Adriana Branco Cerqueira, por corrupção passiva. A denúncia, apresentada em 2 de dezembro, alega que ambos solicitaram indevidamente uma pesquisa eleitoral em 2021, no valor de R$ 60 mil, a uma agência que mantinha contrato de publicidade com a prefeitura.
O caso envolve um contrato de R$ 46 milhões com uma agência de publicidade e apresenta os seguintes desdobramentos:
* Em janeiro de 2021, meses após a reeleição de Alexandre Kalil, foi realizada uma reunião em um almoço na capital para discutir a realização de uma pesquisa sobre as eleições estaduais de 2022
* O então secretário de governo, Adalclever Lopes, teria solicitado ao secretário-adjunto Alberto Lage que intermediasse o contato com os proprietários da agência para a realização da pesquisa
* A agência inicialmente recusou investir recursos próprios na pesquisa sem garantias de renovação do contrato com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH)
* Após pressão, segundo testemunho de Alberto Lage ao MPMG, a empresa teria cedido e realizado a pesquisa, tendo como contrapartida a renovação do contrato
O MPMG identificou “conivência entre o poder público e interesses pessoais” e solicita, além da condenação dos acusados, uma indenização de R$ 1,5 milhão por danos morais coletivos. A pesquisa tinha como objetivo avaliar as chances de Kalil nas eleições estaduais de 2022, o que determinaria sua possível renúncia ao cargo de prefeito para disputar o governo do Estado.
Em uma ação anterior por improbidade administrativa, o MPMG já havia solicitado a inelegibilidade de Kalil e dos demais acusados, além da anulação dos contratos com a agência e o ressarcimento de R$ 103,5 milhões referentes aos valores pagos pelo contrato supostamente irregular.
Alexandre Kalil manifestou-se nas redes sociais no início de novembro, mencionando que recusou um acordo de não persecução penal: “Se eu aceitar, não serei processado. Mais uma vez, não aceito! Nunca tive medo de processo porque nunca cometi crime algum. Não sou bandido”.
A assessoria de imprensa de Kalil e a Prefeitura de Belo Horizonte não se manifestaram sobre o caso até o fechamento da edição, e a ex-secretária não foi localizada para comentar.