Jovens de Acari têm caso julgado após 34 anos

Jovens de Acari têm caso julgado após 34 anos

Corte Interamericana condena Brasil pelo desaparecimento de 11 jovens da Favela de Acari em 1990 e morte de familiares que investigavam o caso

A Corte Interamericana de Direitos Humanos proferiu uma decisão histórica ao condenar o estado brasileiro pelo desaparecimento de 11 jovens da Favela de Acari, ocorrido em 1990, e pelos homicídios de dois familiares que investigavam o caso. O crime, que permaneceu sem solução por mais de três décadas, aconteceu em um sítio em Suruí, Magé, na Baixada Fluminense.

Os familiares das vítimas aguardavam esta sentença há 34 anos e 5 meses, período durante o qual o caso permaneceu vivo graças aos esforços do Movimento Mães de Acari.

Detalhes do Desaparecimento

* Os jovens haviam informado aos pais que passariam o fim de semana no sítio em Suruí
* No dia do desaparecimento, seis homens armados e encapuzados invadiram a propriedade
* As vítimas foram levadas em dois carros e nunca mais foram vistas
* Suspeita-se que o crime tenha sido cometido por um grupo de extermínio conhecido como “Cavalos Corredores”, formado por policiais militares do Batalhão de Rocha Miranda

Determinações da Sentença

* O estado brasileiro deverá emitir as certidões de óbito das 11 vítimas
* Construção de um memorial em homenagem às vítimas na região de Acari no prazo de 2 anos
* Indenização às famílias pelos danos emocionais e materiais causados
* Adoção de medidas administrativas e legislativas para tipificar o crime de desaparecimento forçado
* Reforço na capacidade investigativa contra grupos criminosos ligados a agentes estatais

Vanine de Souza Nascimento, parente de duas vítimas, expressou seu sentimento sobre o local do crime: “O sítio é nosso, onde tudo aconteceu. Eu não consigo ir lá. Como pode você ter uma propriedade e não conseguir pisar nela? Isso aqui tem um valor que, monetariamente, não condiz a tudo o que a gente está vivendo e sentindo.”

O advogado das vítimas, Carlos Nicodemos, destacou a importância histórica da decisão: “Cabe ao Governo Federal orquestrar um conjunto de medidas reparatórias que a sentença determina. Essa sentença é uma referência, um precedente histórico para demarcar vários temas no campo dos Direitos Humanos.”

O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania comprometeu-se a implementar integralmente a decisão e garantir que episódios semelhantes não se repitam. A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do Rio informou que está elaborando uma proposta de regulamentação para viabilizar o pagamento das indenizações às famílias.

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