De olho em 2026, propostas de venda de estatais e terceirização de escolas esbarram em resistência política e popular
Faltando dois anos para o término de seus mandatos, governadores reeleitos de direita têm acelerado esforços para deixar suas marcas por meio de privatizações e projetos polêmicos, como a terceirização de escolas. A movimentação tem como pano de fundo as eleições de 2026, mas encontra forte resistência em diversas frentes, dificultando a implementação dessas medidas. Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, Ratinho Junior (PSD), do Paraná, e Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul, protagonizam esse cenário.
Em Minas Gerais, Romeu Zema enfrenta os maiores desafios. Desde o início de sua gestão, o governador tenta avançar em privatizações, mas tem esbarrado na resistência do Legislativo e em exigências legais. Em 2019, ainda em seu primeiro mandato, Zema propôs a venda da Codemig, mas o projeto foi arquivado pela Assembleia Legislativa. Além disso, uma CPI sobre a Cemig apontou possíveis irregularidades, atrasando ainda mais seus planos.
Recentemente, Zema enviou ao Legislativo propostas para privatizar a Cemig e a Copasa. A iniciativa, no entanto, gerou desconforto até entre aliados, que temem repercussões negativas junto à população. Para superar essas barreiras, o governo tenta aprovar uma PEC que elimina a exigência de referendo para as privatizações de estatais, mas a proposta permanece travada.
— Acredito que as privatizações possam avançar no início de 2025. Apesar das dificuldades, temos visto abertura para a construção de consensos, especialmente em relação à Copasa — afirmou Mateus Simões, vice-governador de Minas Gerais.
No Paraná, Ratinho Junior já obteve vitórias significativas, como a privatização da Copel e a aprovação da venda da Celepar. No entanto, o processo de terceirização de escolas enfrenta entraves importantes. Apesar de aprovada na Assembleia, a medida depende de uma consulta pública para definir as unidades que serão transferidas e está sendo investigada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR). Em outubro, o TCE suspendeu as parcerias devido à falta de estudos técnicos. O projeto também enfrenta resistência de professores, que realizaram greves contra a proposta.
No Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que privatizou a Corsan em 2021, enfrenta agora dificuldades para implementar a terceirização de escolas estaduais. A oposição organizou debates em escolas que seriam impactadas, mobilizando pais e alunos contra a proposta. A crescente insatisfação popular complica a agenda do governador, que busca consolidar sua gestão com projetos de impacto.
Embora determinados a deixar um legado, os governadores têm enfrentado resistências às privatizações que refletem não apenas obstáculos institucionais, mas também o impacto de suas propostas junto à opinião pública.