A instabilidade geopolítica global e os conflitos em curso têm levado os espanhóis a buscar alternativas de proteção, com destaque para a construção de bunkers particulares. O governo espanhol está preparando um guia com orientações para a população sobre como agir em caso de guerra, como parte da 2ª Estratégia Nacional de Proteção Civil.
O Ministério do Interior da Espanha planeja incluir no material instruções sobre procedimentos em caso de conflito bélico ou exposição a substâncias químicas, biológicas, nucleares ou radioativas. O cenário atual, marcado pela guerra entre Rússia e Ucrânia e tensões no Oriente Médio, tem impulsionado uma corrida por proteção.
* Fernando Diaz Llorente, CEO da empresa Bunker Vip, relata um aumento de 90% nos pedidos de orçamento, recebendo cerca de 20 consultas diárias. “A população está levando isso mais a sério e o povo acredita que existe uma ameaça real de que a guerra possa se espalhar”, afirma.
* A Bunker World, outra empresa do setor, registrou demanda triplicada nos últimos meses. Segundo Guillermo Ortega, proprietário da empresa, “A nossa demanda simplesmente triplicou nos últimos meses. Antes as pessoas pediam orçamento e tiravam um tempo para pensar se queriam ou não, agora muita gente já liga diretamente fazendo o pedido”.
* Um bunker padrão de 15 metros quadrados, com capacidade para seis pessoas, custa aproximadamente 60 mil euros (R$ 380 mil), incluindo antessala de descontaminação e sistema de filtragem de ar.
* Projetos mais sofisticados podem chegar a meio milhão de euros (R$ 3,2 milhões), como os dois abrigos atualmente em construção em Barcelona.
A Espanha possui apenas três refúgios públicos em Madri: um na base aérea militar de Torrejón de Ardoz, outro no parque El Capricho (atualmente desativado), e um terceiro no Palácio da Moncloa. Em contraste, a Suíça mantém uma política que exige acesso a abrigos subterrâneos para todos os cidadãos desde 1963.
Brasileiros residentes na Espanha demonstram menor preocupação com a possibilidade de guerra. A jornalista Alessandra Ribeiro, moradora de Madri há oito anos, reconhece o momento delicado mas mantém a rotina normal. Alexandre Muscalu, historiador, e Simone Henrique Pirani compartilham visão semelhante, priorizando preocupações econômicas sobre as bélicas.
Para atender à crescente demanda, empresas como a Bunker Vip planejam desenvolver abrigos coletivos particulares, oferecendo acesso por 25 anos mediante investimento de aproximadamente 40 mil euros (R$ 250 mil) por família.
A atual situação reflete uma crescente preocupação com segurança entre os espanhóis, embora a perspectiva de um conflito direto ainda seja vista com ceticismo por parte da população, especialmente entre os estrangeiros residentes no país.