O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central realiza sua última reunião do ano com expectativas divididas sobre a decisão desta quarta-feira. Após a frustração do mercado com o pacote de aproximadamente R$ 70 bilhões em corte de gastos anunciado pelo ministro Fernando Haddad, analistas concordam que haverá uma aceleração no ritmo de aumento dos juros.
A reação negativa do mercado ao pacote fiscal elevou o dólar para mais de R$ 6, aumentando as pressões inflacionárias. Existe preocupação com o risco de dominância fiscal, situação em que o aumento de juros não consegue conter a inflação medida pelo IPCA, que deve ultrapassar o teto da meta este ano e no próximo.
* A maioria dos analistas aposta em uma alta da taxa Selic de 0,75 ponto percentual, elevando-a de 11,25% para 12% ao ano
* Alguns especialistas não descartam um aumento ainda maior, de 1 ponto percentual, levando a taxa para 12,25% ao ano
* As previsões para o fim do ciclo de ajuste monetário apontam para uma Selic em 14% no primeiro semestre de 2025
* O pacote fiscal apresentado foi considerado insuficiente, com estimativas indicando necessidade de um ajuste de 4,2% do PIB (cerca de R$ 530 bilhões)
* Projeções indicam que o deficit fiscal de 2025 ficará em torno de 0,8% do PIB
* A dívida pública bruta, atualmente em 76,8% do PIB, pode alcançar 84% em 2026
A última reunião do Copom também marca o encerramento da gestão de Roberto Campos Neto à frente do Banco Central. Sua gestão foi marcada pela aprovação da autonomia do BC e pelo lançamento do Pix, apesar das críticas do presidente Lula à condução da política monetária.
Para 2025, os analistas preveem desafios ainda maiores para o futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo, no controle da inflação. A autonomia do BC será colocada à prova, especialmente com a proximidade das eleições em 2026, exigindo firmeza na condução da política monetária.