Em um novo desdobramento das investigações sobre tentativa de golpe, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid revelou à Polícia Federal que o general Braga Netto utilizou caixas de vinho para entregar dinheiro ao grupo conhecido como “Kids Pretos” do Exército. Segundo o depoimento, os recursos eram provenientes de empresários do agronegócio e tinham como finalidade financiar um plano contra autoridades, incluindo o ministro Alexandre de Moraes.
Durante depoimento à PF, Cid detalhou uma reunião ocorrida no Palácio do Planalto ou na residência oficial do Alvorada, onde estavam presentes ele próprio, Braga Netto e o tenente-coronel Rafael Martins. Foi neste encontro que o general teria realizado a entrega do dinheiro dentro de uma sacola de vinhos.
* O esquema foi descoberto após um problema técnico em aplicativos de mensagens considerados mais seguros, como Signal e UNA
* Os envolvidos criaram um grupo no Signal denominado “Copa 2022”, utilizando codinomes de países como Alemanha, Áustria, Brasil, Argentina, Japão e Gana
* A inspiração para os codinomes veio da série espanhola “La Casa de Papel”
* O plano acabou sendo abortado quando uma sessão do Supremo terminou mais cedo que o previsto
* A PF ainda busca identificar o líder das conversas, especialmente o participante conhecido como “Alemanha”
* O celular de Braga Netto foi confiscado e está sob perícia
* As investigações revelaram que os envolvidos utilizavam linhas telefônicas registradas em nome de terceiros
Cid também relatou que, após sua soltura em setembro do ano passado, Braga Netto procurou seus familiares para obter informações sobre a delação premiada. “Basicamente isso aconteceu logo depois da minha soltura, quando eu fiz a colaboração naquele período, onde não só ele como outros intermediários tentaram saber o que eu tinha falado”, afirmou Cid à PF.
As investigações apontaram que Braga Netto buscou contato com o general Mauro César Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens, para conseguir detalhes sobre o acordo de colaboração. Mensagens encontradas pela PF mostram diálogos entre o general Mário Fernandes e o coronel Jorge Luiz Kormann, onde os pais de Cid tranquilizavam Braga Netto e o general Augusto Heleno, alegando que a homologação do acordo de delação era “tudo mentira”.
Como resultado das investigações, Braga Netto, que foi candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro em 2022, foi preso em sua residência no Rio de Janeiro pela Polícia Federal. Em Brasília, seu ex-assessor, coronel Flávio Botelho Peregrino, também foi alvo de mandado de prisão.