Na pesquisa de mobilidade urbana de 2024 da CNT, dentre os principais problemas urbanos citados pelos entrevistados, o transporte figurou em 3º lugar, com 24,3%, depois de saúde com 54,5% e segurança com 48,7%.
Quanto aos padrões de mobilidade, 30,9% dos entrevistados utilizam o ônibus como principal meio de deslocamento, destes, mais de 52,7% citaram que o transporte por ônibus é a única alternativa de transporte disponível.
Como a recente pesquisa demonstrou, a mobilidade urbana representa um dos principais desafios enfrentados pelas grandes cidades brasileiras. O crescimento desordenado, a priorização do transporte individual e a escassez de investimentos em infraestrutura de transporte público têm gerado uma série de problemas, como congestionamentos e poluição do ar. Nesse contexto, a adoção de práticas mais sustentáveis e eficientes se torna cada vez mais necessário.
O Impacto do Transporte Individual
O transporte individual, especialmente os automóveis, é o principal responsável pelos problemas de mobilidade urbana nas grandes cidades brasileiras. A crescente utilização de veículos particulares resulta diretamente em um aumento dos congestionamentos e na degradação da qualidade do ar. Por sua vez, o transporte por motocicletas gera ainda um problema grave na saúde pública, tendo em vista o grande volume de acidentes com esse modal. Segundo o Portal Infosiga, do Governo de São Paulo, entre janeiro e outubro de 2024 morreram 2.174 pessoas em acidentes envolvendo motocicletas, o que representa mais de 40% do total de mortes no trânsito no período citado.
A Importância do Transporte Público de Massa
O transporte público de massa, como ônibus e metrô, desempenha um papel essencial na construção de cidades mais justas e sustentáveis. Ao proporcionar um serviço eficiente, acessível e seguro, o transporte público contribui para a redução dos congestionamentos, a diminuição da poluição e a promoção da equidade social.
Desafios e Perspectivas
Embora os benefícios do transporte público urbano sejam evidentes, diversos desafios precisam ser enfrentados para assegurar sua eficiência e expansão.
No período da pandemia, o volume de passageiros caiu drasticamente e ainda não voltou aos patamares anteriores, o que agravou ainda mais o sistema. Segundo a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), o número de viagens por passageiros por dia caiu de 40,4 milhões em 2019 para 34,2 milhões em 2024, uma redução de 6,2 milhões de viagens/dia!
Com isso, os investimentos minguaram, as frotas sucatearam, o que acentuou ainda mais o déficit de passageiros, que acabaram migrando para o transporte individual.
A solução adotada em muitos municípios brasileiros foi o subsídio para minimizar o impacto na tarifa. Atualmente 93 sistemas, que atendem 238 municípios, implementaram subsídios definitivos, o que ajudou na manutenção ou redução na tarifa para o usuário.
Os governos municipais, estaduais e federal precisam articular em conjunto para garantir a qualidade no sistema e assim conseguir mudar a percepção dos usuários e aumentar o número de passageiros.
A implementação de políticas públicas que incentivem o uso do transporte público, a criação de parcerias entre o setor público e o privado, e a participação da sociedade na definição das prioridades para a mobilidade urbana são medidas essenciais para garantir que nossas cidades sejam mais justas, eficientes e sustentáveis.
A mobilidade urbana é um desafio complexo que demanda a adoção de medidas integradas e inovadoras e a crescente conscientização sobre a importância de um sistema de transporte mais sustentável e eficiente tem impulsionado o desenvolvimento de novas soluções.
A participação da sociedade civil, a articulação entre os diferentes níveis de governo e a busca por soluções inovadoras são fundamentais para superar os desafios e construir um sistema de transporte mais eficiente, justo e acessível a todos.